A conquista do oeste norte-americano sempre foi um objeto de fascínio no cinema. Tivemos pelo menos uns 30 anos de boom desse tipo de filme nas telonas. Hoje em dia, nem tanto, mas vira e mexe, surge uma nova obra do gênero que faz renascer essa paixão por esse período que fez os Estados Unidos ser o que são hoje. Terra Indomável é uma minissérie que chegou há pouco na Netflix e que mostra de forma nua e crua como era sobreviver nesse lugar quase inóspito com todo o tipo de gente e animais querendo te matar o tempo todo em um lugar precário com poucas condições para a vida.
Sinopse
O ano é 1857 e Sara Rowell (Betty Gilpin) é uma mãe que não medirá esforços para levar seu filho Devin (Preston Mota) para onde está seu pai. O problema é que ela terá que cruzar o oeste norte-americano para isso. Nesse meio, irá se depará com índios nativos, soldados mórmons e o Exército dos Estados Unidos que estão a beira de um conflito que irá ceifar muitas vidas. Além de perigos naturais como lobos, ursos e a escassez de suprimentos que a área lhes fornece. Tudo mostrado de uma forma nua e crua.
Começa desinteressante e logo nos faz ficar 100% focado nela
Tenho que fazer uma confissão antes de iniciar: quando a minissérie começou estava com zero vontade de assisti-la de verdade. Personagens que não me pareciam muito interessantes e nossa protagonista parecia apenas uma mulher chata e mimada que teríamos que acompanhar. Logo, o meu desdém se foi e consegui ficar 100% imerso quando o massacre mórmon em cima dos colonos que iam para Califórnia acontece. Ele vem do nada e é cruel. A direção nesse momento brilha muito e consegue nos inserir dentro daquele caos. Pronto, fiquei atento a tudo o que viria daqui pela frente.
Valor de produção alto
O valor de produção da série é bem grande e conseguimos notar isso através de figurinos e a direção de arte. Tudo parece sujo e inóspito. As condições de vida precárias soltam na nossa cara e fiquei imaginando como seria viver em um lugar desse. Além de ser terra de ninguém. Parece que todo encontro vai coincidir com alguém morrendo. Será que era tudo tão selvagem assim mesmo? Não duvido, mas esse ponto me pareceu um pouco exagerado. Poucas são as pessoas boas que passam pela vida de nossos protagonistas.
Uma parceria que começa com ódio e que acaba em respeito mútuo
Falando na nossa protagonista, se no início ela parece insuportável, aos poucos vamos entendendo ela e ganhando respeito a cada episódio. Ela é uma mulher forte e decidida que não vai deixar ninguém frustrar os seus planos iniciais. A parceria com Isaac (Taylor Kitsch), o homem que servirá de guia para ela, começa péssima, e vão se respeitando e se entendendo mutuamente conforme os perigos vão aparecendo e no final, os dois são quase um casal que secretamente acabamos torcendo para que fiquem juntos.
Um final melancólico
Embora tenha essa história principal que é mais contida, temos uma que é baseada em fatos reais e que acabou se tornando mais interessante para mim. A tensão entre índios, mórmons e exército vai crescendo a ponto de vermos todo mundo se matando em prol da chamada liberdade. Soa contraditório, mas é isso. Essa batalha toda me fez levantar o alerta de que nem todo mundo teria um final feliz. A tragédia se abate em cima da maioria dos personagens e poucos sobrevivem para seguir e ter uma nova vida. Cruel, mas realista.
Conclusão
Terra Indomável é uma ótima minissérie da Netflix. Sei que ainda está cedo, mas deixá-la de fora das premiações que seguirão pelo ano já me vai parecer um erro. Ou as que vierem terão que possuir um nível bem acima dela. Ela é criação de Mark L. Smith, um dos corroteiristas de O Regresso (2015), que tem um tema resolvido mais ou menos na mesma época em que se passa essa história que vos escrevo. A direção dos seis episódios ficaram na responsabilidade de Peter Berg (22 Milhas) e posso dizer que tudo foi muito bem competente e bem feito. Vale uma conferida com certeza.
Terra Indomável está disponível na Netflix.
