Tick, Tick…Boom! entra na lista como mais um musical lançado nesse maravilhoso ano de 2021. Me arrisco a dizer que até quem não gosta de filmes musicais, vai gostar desse. Apesar de ter aqueles momentos que os haters do gênero odeiam, a narrativa se passa de um modo tão linear que acredito que eles não reclamarão e enfim poderão apreciar uma obra do tipo. Ele certamente vai agradar tanto os apaixonados pela Broadway quanto as pessoas que torcem o nariz para esse tipo de filme. Muito disso graças a direção e paixão de Lin-Manuel Miranda (Hamilton) e a incrível interpretação do Andrew Garfield (A Rede Social).
Sinopse: “Ambientado na década de 1990, o filme conta a história de Jon (Andrew Garfield, indicado ao Oscar e vencedor do Tony), um jovem compositor teatral que trabalha como garçom em um restaurante de Nova York enquanto tenta criar um grande musical. Dias antes de apresentar o projeto, Jon vive um momento de pura pressão e precisa lidar com a namorada Susan, que sonha com uma vida artística muito além de Nova York, o amigo Michael, que abandonou os sonhos para buscar a estabilidade financeira, e a comunidade de artistas assolada pela epidemia da AIDS. Correndo contra o tempo, Jon enfrenta o grande dilema da vida: o que devemos fazer com o tempo que temos?”
O filme conta a história real (com suas romantizações) de Jonathan Larson. Para quem não sabe, ele é o criador da peça Rent, que ficou 14 anos em cartaz na Broadway, e que também tem um filme de 2005 com o mesmo nome reunindo todo o seu elenco original. Por sinal, esse foi o primeiro filme musical que eu vi e que certamente é um dos meus preferidos até hoje. Posso dizer que foi o Jonathan que moldou parte do meu caráter e me fez aprender a gostar tanto desse gênero meio marginalizado (com seus devidos exageros) pela maioria das pessoas.
Tick, Tick…Boom! é uma verdadeira ode aos apaixonados por musicais. Lin-Manuel Miranda, aqui em seu primeiro trabalho como diretor, consegue passar perfeitamente todos os motivos do porque a Broadway é a Broadway. A importância que ela tem e a própria paixão de Jonathan Larson pelos musicais nos é passada de uma forma simples, singela e apaixonante. Os temores do final da década de 80 e início dos anos 90 nos são mostradas a ponto de entendermos o porque que o protagonista quer as coisas tão rápidas e para ontem, de preferência. O temor da AIDS estava batendo as portas de todos nesses anos e a necessidade de fazer algo urgente era primordial.
Muito da beleza do longa vem da maravilhosa interpretação de Andrew Garfield. Ele esbanja carisma em tela e fica fácil nos afeiçoarmos com o personagem. A impressão que me deu é que ele era meu amigo que nunca conheci antes. Consegui me identificar plenamente com ele e o resto foi um lindo passeio pelo parque. Vou me arriscar e dizer que o ator vai ganhar algumas indicações nas vindouras premiações do início de 2022. Não só a ele, como para a direção de Lin-Manuel Miranda também.
Muito da beleza do filme vem do diretor que quem conhece sabe o quanto esse cara respira música. Ele é o responsável por sucessos como Hamilton, Em Um Bairro de Nova York e das trilhas sonoras de Moana e do atual Encanto que está saindo nos cinemas por agora também. Sua paixão pelo gênero é tanta que ele faz uma grande homenagem aos atores e escritores das peças da Broadway. Na música “Sunday” podemos ver várias participações de atores consagrados e em um outro determinado momento, podemos ver vários dos escritores renomados também. Tudo lindo, perfeito e certeiro.
Eu o vi há mais de uma semana e é incrível como o tempo passa e ele só melhora na minha cabeça. É certo que em breve vou revê-lo e pode ser que uma ou outra opinião mude, mas o meu veredito final é que Tick, Tick…Boom! já é um dos meus filmes favoritos do ano. Espero que ele seja reconhecido tanto para a crítica quanto para os cinéfilos. Não gostaria que ele ficasse apenas preso no nicho musical. Gostaria realmente que ele ganhasse o mundo, pois esse é o lugar dele.
Tick, Tick…BOOM! está no catálogo da Netflix.
