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Resenha: Tempo

Nunca escondi o fato de que o diretor M. Night Shyamalan é um dos meus preferidos. A sua primeira leva de filmes são maravilhosos (O Sexto Sentido, Corpo Fechado, Sinais…), teve um meio um pouco estranho com algumas obras que não eram originalmente dele e voltou a sua essência com A Visita (2015) e Fragmentado (2016). Tempo é mais uma amostra do que o diretor pode fazer com um baixo orçamento e com uma história de terror um pouco diferente do habitual. No mínimo ela vai te pegar pela curiosidade.

Sinopse: Uma família decide se divertir em uma praia e se vê envolvida em um mistério sinistro. O tempo parece passar de forma diferente no lugar, fazendo com que eles envelheçam anos em alguns minutos.”

O longa é baseado em um graphic novel francesa chamada Sandcastle ou Castelo de Areia no Brasil. Ela foi lançada em 2011 e foi uma criação do suíço Frederick Peeters e do francês Oscar Lévy que tinha essa ideia de filme há 40 anos. A princípio ele queria fazer um filme sendo rodado de ano a ano para mostrar o envelhecimento dos personagens, mas é uma loucura só de pensar em fazer dessa forma. Shyamalan ganhou esse quadrinho de dia dos pais e resolveu que conseguiria fazer uma boa adaptação.

Esse é um tipo de filme de terror/suspense bem diferente do que vemos por aí. Não temos um assassino e nem mesmo algo sobrenatural infernizando a vida dos protagonistas. Podemos dizer que o grande vilão da história é a própria vida. Até tem uma trama por trás disso, mas basicamente é o tempo da vida que acaba jogando contra os personagens. Se pensarmos um pouco além, ela acaba sendo muito metafórica. A nossa vida passa voando e deixamos de fazer muitas coisas por medo de algo ou porque você se prometeu que vai fazer depois.

A urgência aqui se torna primordial para a sobrevivência e como na vida real, conseguimos ver o melhor e o pior do ser humano. Algumas sacadas são fantásticas, fazendo com que o tempo que vá passando se torne uma inimiga dos mais idosos e até mesmo de um bebê recém nascido. O mais chocante é ver as crianças ficando adultas em um piscar dos olhos. Eu diria que essa transição foi a coisa mais difícil de ser gravada, pois o mistério é mantido com ângulos bem diferentes da câmera até essa revelação que muda o andar da história.

Eu gosto demais do Shyamalan, mas devo dizer que ele flerta entre a genialidade e o amadorismo aqui. Ele consegue fazer cenas incríveis com a câmera andando em volta dos personagens e fazendo alguns takes em plano-sequência maravilhosos enquanto em outros momentos algumas cenas são gravadas de uma forma muito ruim e bastante amadora mesmo. Causa até uma estranheza, parece que nem é a mesma pessoa responsável. Ele parece ter tido um baixo orçamento para ser criado, mas mesmo assim, soa estranho.

Para quem é conhecedor do cineasta e que sempre espera uma grande revelação no final, se acalme. Até temos algo que chega a surpreender, mas não é nada lá grandioso a ponto de explodir cabeças e querer falar para o amiguinho o quanto o filme é maravilhoso. É bem mais simples e intimista que isso, mas que não tira em nada o poder dessa história. Acabei de assisti-lo e fiquei bastante feliz com o resultado. A diversão está garantida para os amantes desse tipo de obra.

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