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Crítica: Bela Vingança, vencedor do Oscar de Roteiro Original

Bela Vingança fez parte da lista dos 8 filmes que concorreram a Melhor Filme no Oscar desse ano. Acredito que entre esses indicados foi o que chegou com menos prestígio e que foi um dos menos falados pelo público e pela próprioa crítica. Mesmo assim foi capaz de ganhar em uma das categorias que acho mais importante, a de Roteiro Original, escrito por Emerald Fernell (Killing Eve), que também é responsável pela direção do longa. Ela também foi indicada ao prêmio de Melhor Diretor, mas não conseguiu ganhar. Entre as outras indicações também tinha a de Melhor Atriz para Carey Mulligan e Melhor Montagem.

Sinopse: Em Bela Vingança, Cassie (Carey Mulligan) é uma mulher com muitos traumas do passado que frequenta bares todas as noites e finge estar bêbada. Quando homens mal-intencionados se aproximam dela com a desculpa de que vão ajudá-la, Cassie entra em ação e se vinga dos predadores que tiveram o azar de conhecê-la.”

Em resumo, esse definitivamente foi um filme que me surpreendeu. Ele nos leva por um caminho, nos tira a expectativa de modo abrupto nos deixando atônitos, para que só no fim tenhamos a resolução de modo satisfatório, mas não de modo justo. Ele é cruel e nos mostra a realidade e os perigos que uma mulher passa na vida simplesmente por ser mulher. Mostra sem pudor o machismo escancarado e sem vergonha de ofender qualquer um. Mérito de um roteiro escrito por uma mulher.

Até mesmo o cara mais legal que você possa conhecer ou até mesmo se apaixonar pode estar sujeito a certos tipos de comportamentos prejudiciais a uma mulher. Não falo somente de se aproveitar de uma, mas falo também de ser conivente. Mesmo que não faça nada diretamente, uma omissão e uma risada também podem ser machista a ponto de você sentir essa vergonha futuramente. Dizem que o karma volta e mesmo que você diga que não é mais a mesma pessoa de antigamente, deve sim pagar pelos seus atos.

Carey Muligan está excelente no papel. Ela é uma pessoa traumatizada com um fato do passado e que por isso não consegue evoluir profissionalmente e nem ter algum tipo de relacionamento. As coisas mudam quando ela encontra um antigo colega de faculdade e todo o passado volta a tona. Ela assim resolve colocar em prática um plano para que os culpados sofram punições correspondentes ao que fizeram (ou não fizeram). Em certos momentos, nós sentimos medo do que ela é capaz de fazer e nos sentimos satisfeitos como as coisas vão acontecendo. Quando começamos a desenhar o final na nossa cabeça, o roteiro vem e nos dá uma rasteira dura. Esse detalhe nos tira do chão por um momento, mas voltamos logo em seguida para o seu desfecho perfeito e agridoce.

Ele não tem uma nota máxima, mas tá quase lá. Recomendo para todos. Às mulheres que certamente se sentirão representadas e aos homens para tentar entender o comportamento nocivo que praticam sem ao menos perceber. Infelizmente não teve a mesma pompa que os outros indicados tiveram, mas garanto que é uma obra digna de ser vista. Só pelo fato de fazer pensar, já é algo para levar a frente. A vingança levada no longa é inteligente, cruel e educadora.

Bela Vingança está em cartaz nos cinemas no momento.

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