Há um tempo atrás, a Universal tinha um projeto de transformar os seus monstros em um grande universo compartilhado. Depois de alguns fracassos, deixaram essa ideia de lado e resolveram focar em cada um desses personagens de forma individual e com baixo orçamento. O escolhido do momento foi o famigerado Lobisomem e a parceria com a Blumhouse acabou sendo perfeita para o que eles queriam no momento. O diretor e roteirista Leigh Whannell (Jogos Mortais, O Homem Invisível, Sobrenatural) também pareceu uma boa escolha para o projeto. O problema é que, apesar de alguns bons momentos de tensão criados, o longa parece não engrenar.
Sinopse
Blake (Christopher Abbot) acabou de descobrir que seu pai, que não via há anos, foi dado como morto, embora não tenham encontrado seu corpo. Ele então resolve levar sua família para o antigo chalé de seu pai para resolver pormenores e com a intenção de renovar o amor por sua esposa (Julia Garner) e filha (Matilda Firth). No caminho, se deparam com uma criatura que está longe da compreensão da mente humana e sua noite será de completo terror devido a ela. Enquanto isso, Blake terá que lidar e entender com o que está havendo com seu próprio corpo que começa a mudar de forma sobrenatural.
Bom início, mas se torna previsível com o tempo
O filme começa em 1995. Em uma breve sinopse, informam que o lobisomem do título provém de uma doença local, mas que mesmo assim seria apenas uma lenda e não um fato. Nesse início, conseguimos sentir a tensão do ser indescritível e não visto. Não mostrar o monstro de cara é bom, pois mantém o suspense e não entrega tudo de uma vez. Nesse início, isso funciona muito bem, mas no decorrer do resto do filme isso parece não se sustentar. Conseguimos prever todos os movimentos que irão acontecer e o ataque do lobisomem se torna previsível. Com exceção do acidente que vem absolutamente do nada e que se torna o melhor momento de todo o longa.
Faltou o sentimento de morte real dos protagonistas
O lobisomem clássico é conhecido por atacar e se transformar nas noites de lua cheia. Aqui, não temos isso. Nem uma luazinha no céu. O fato de ser uma doença e não uma maldição muda esse lore que sempre acompanhou o personagem. Acaba que a criatura é mais um ser mortal do que sobrenatural. Embora não seja normal, conseguimos entender que dá para derrotá-la. É crível que ela possa ser derrotada e o sentimento de que os protagonistas irão perecer não existe. Ter poucas vítimas também joga contra ele, pois sabemos que os personagens principais não morrerão. Ainda mais uma criança.
Inspiração em A Mosca
Outra coisa interessante é a transformação de lobisomem de nosso protagonista. Ela é lenta e podemos ver sua mudança gradualmente. Sua forma final não irá agradar a maioria dos fãs do monstro, mas acho que coube dentro da proposta dada. A inspiração de A Mosca (1986) foi dita pelo próprio diretor e é possível ver isso em tela. Outro fator que valeu foi ver a visão de Blake indo para o sobrenatural. Todas aquelas cores e não entendendo muito o mundo real foi algo bom e que consegui comprar sem problemas.
Uma tragédia familiar
A história também é sobre uma tragédia familiar. O que seria para se unirem e ficarem mais fortes acaba de uma forma muito triste e para baixo. Embora eu racionalize o que acabei de dizer, não consegui sentir essa dor o assistindo. Era para ser puramente emocional e de mim, não venho nada. Pelo contrário, fiquei feliz por ter acabado logo. Muito se deve as atuações de nossos protagonistas. Chritopher Abbot (Pobres Criaturas) é fraco e Julia Garner (Ozark), embora seja uma excelente atriz, sinto que não conseguiu sustentar o protagonismo.
Conclusão
Lobisomem não é um filme ruim, mas fica bem abaixo do esperado. A ideia é boa, possui bons momentos de tensão, mas não entrega o necessário para comover o espectador. O sentimento de tanto faz acabou se sobressaindo. Vi, achei legal e é isso. Vida que segue. Achei que começaríamos o ano com uma excelente obra, mas ganhamos mais um filme de lobisomem genérico. Temos obras por aí muito melhores e que valem mais do que essa.
Lobisomem estreia nos cinemas em 16 de janeiro.