Para mim, Flow foi uma das grandes surpresas dessa temporada de premiações. Nunca tinha escutado falar dele e de repente chegou ganhando o Globo de Ouro de Melhor Animação. Automaticamente, as minhas atenções foram voltadas pra ele. Na Letônia, país de origem do longa animado, estão tratando a obra como patrimônio nacional a ponto do país inaugurar estátuas e se decorar todo com a temática da história. Não por coincidência ele foi o escolhido pelo país para representá-los no Oscar. O empenho valeu a pena e conseguiram 02 indicações: Melhor Filme Internacional e Melhor Animação. O que posso dizer é, que sim, ele é um lindo filme que merece ser visto.
Sinopse
O mundo parece ter chegado ao fim, coberto apenas por vestígios da presença humana, mas sem nenhum deles por perto. O Gato é um animal solitário que, um dia, enquanto é perseguido por uma matilha de cães, vê seu lar ser devastado por uma grande enchente. Buscando uma forma de sobreviver após a inundação, ele enfrenta diferentes ameaças, até que encontra refúgio em um pequeno barco que aos poucos vai sendo povoado por diversas espécies. Juntos, os animais terão que vencer suas diferenças para poder sobreviver nesse mundo pós-apocalíptico e místico.
Tecnicamente perfeito
O melhor jeito de começar é dizer que ele é sim uma das coisas mais belas que vi nos últimos tempos. A sua técnica de animação junto com as decisões tomadas pela direção me fez pensar que eu estava em algum jogo de videogame, e consegui ver claramente uma adaptação para essa mídia. Funcionaria com certeza, assim como funcionou vê-lo em uma telona. As cores são incríveis e a natureza estampada na tela é de uma contemplação tremenda a ponto de esquecermos até mesmo nosso protagonista apenas para admirar toda a paisagem que estamos observando. Belíssimo e impecável em suas escolhas técnicas. O pulo da baleia para soltá-los presos em uma árvore é de uma finesse incrível e já destacaria como uma cena que ficará marcada na história.
Mensagem além da obra
O mundo de Flow é um destaque a parte. Desde o início só somos apresentados aos animais, mas notamos que já teve presença humana nesse lugar. Casas, construções e estátuas fazem parte do cenário do início ao fim, mas o que aconteceu com eles? Morreram? Foram arrebatados? Não importa. Esse mistério ajuda no misticismo da aventura. Descobrir isso não é determinante, mas essa curiosidade se abateu sobre mim do início ao fim. A enchente que toma de assalto logo no início mostra como o mundo está louco e sem sentido e me traçou um paralelo significativo com as mudanças climáticas que estamos enfrentando atualmente. Uma mensagem através de um belo filme sobre o rumo que a sociedade humana está tomando.
As diferenças prevalecem com o tempo
Vale lembrar também que o longa não possui diálogos, apenas sons de animais. Todos eles dublados por animais reais usando captação do som. A princípio, pode até parecer monótono, mas não fica. São tantas situações de dificuldades que esses animais passam que não dá para se distrair com outra coisa. A união que esses seres diferentes entre si vão formando também é algo muito bonito de se ver. Vejo outra mensagem aí. Não devemos deixar de ajudar ninguém por ser diferente. Todos possuem certas características que podem incomodar de início, mas ela merece tanto quanto você estar nessa jornada pela sobrevivência e para a formação de uma nova família.
Conclusão
Não existe nenhuma contra indicação contra Flow. Serve para todo o tipo de público, e tenho certeza que vai agradar tanto as crianças quanto os adultos. É uma obra de arte viva. Gato é um excelente condutor da história e ver todos os trejeitos de um gatinho de verdade deixa tudo mais fofo e agradável. Quem tem um gato em casa vai conseguir identificar todos os trejeitos dele. É incrível, e torcer por ele vai além do que podemos imaginar. Uma linda história que vale cada centavo seguido de um belo aplauso em seu final.
Flow já está disponível nos cinemas brasileiros.
