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Crítica O Tigre Branco

Crítica – O Tigre Branco: uma bela história de engrandecimento

O Tigre Branco é uma adaptação do livro best-seller do New York Times escrito por Aravind Adiga, escritor e jornalista indiano. A produção que tem o selo da Netflix foi dirigido por Ramin Bahrani (Fahrenheit 451) e estrelado por Adarsh Gourav (Leila), Rajkummar Rao (Newon) e Priyanka Chopra (Baywatch: S.O.S. Malibu). Uma equipe toda indiana, esse detalhe passa bastante credibilidade para o desenrolar da história. O filme ainda conseguiu uma indicação ao Oscar por Melhor Roteiro Adaptado, escrito pelo próprio Ramin Bahrani. O longa é bom, mas tive a impressão de que ele poderia ter sido melhor.

Sinopse: Baseado no best-seller do New York Times, O Tigre Branco conta a história de Balram Halwai (Adarsh Gourav) e sua ascensão meteórica de aldeão pobre a empresário de sucesso, na Índia moderna. Astuto e ambicioso, nosso jovem herói consegue se tornar o motorista dos milionários Ashok e Pinky, que acabam de retornar da América. Tendo a sociedade o treinado para uma única função – a de servir – Balram tornou-se indispensável aos olhos de seus ricos patrões. Contudo, após uma noite de traição, ele entende o quão longe esses senhores estão dispostos a ir para se protegerem. Prestes a perder tudo, Balram se rebela contra um sistema fraudulento e desigual, buscando, de vez, sua autonomia.”

A princípio irei explicar o título e o porque ele é tão importante para a compreensão das atitudes de Balram. O Tigre Branco é um animal que tende a aparecer apenas de geração em geração, o tornando um animal raro, mas belo. Com isso associamos o animal ao nosso querido e duvidoso protagonista, pois suas atitudes finais se valerão de comparação. Nascido, criado e doutrinado apenas para obedecer as castas ditas mais nobres. O prazer dele ao servir chega a ser um pouco inexplicável para nós. Como alguém se submete a maus tratos e ainda se diz feliz por isso. Essa parte é cultural e nos mostra uma parte nua e crua da Índia.

Essa parte visceral da Índia nos é mostrado sem pudores. Um senhorio que pega o dinheiro da população e que trata todos da casta mais baixa como serviçais, mesmo que ele pague um salário para quem trabalha diretamente para ele. Uma pobreza extrema refletida em um ambiente sujo e com péssimas condições. Eles trabalham com o medo, e nos explicam isso usando galinhas. Coragem por mostrarem um lado tão ruim de um povo que certamente é belo. Esse é um detalhe que acompanhamos durante todo o longa e para que sintamos o peso da decisão do nosso protagonista. Uma decisão no mínimo contestável, que traz o pior do ser humano, mas como o próprio disse: “não me julguem antes de conhecer minha história.”

Durante a projeção ocorre uma situação que a princípio não teve uma resolução, mas percebi tardiamente que teve sim. Essa situação serviu para medir que o amor que ele tem pelos seus patrões não são nada perante ao descarte dos próprios para ele. Ele sente seu amor e devoção jogadas fora no lixo. Momento esse que começa a nos trazer a grande virada da história. Ele conseguiu criar o seu destino sem ficar preso a tradições centenárias e isso tem um preço. Preço esse, que ele está decidido a pagar e que terão consequências grandes em sua vida e de seus familiares.

Ele é um bom filme com uma boa história e com um bom final também, porém temos aqui mais um problema de ritmo. Adaptar um livro nunca é fácil e ter que trazer todas as suas nuances e detalhes podem prejudicar o produto final. Acredito que essa vontade de colocar muitos detalhes e explicar muitas coisas acabaram o deixando um pouco devagar em certos pontos. Detalhes que devem acalentar os fãs do livro, mas que vai deixar o espectador comum vendo uma certa encheção de linguiça. Posso estar exagerando e pegando pesado, mas foi minha impressão.

Recomendo para os amantes de uma bela história de engrandecimento. Daquele tipo de jornada que nos faz ficar pensando até mesmo quando acaba. O mundo pode ser cruel demais e não sabemos nada do sofrimento de cada um. Ele se passa na Índia, mas poderia se adaptado para qualquer cultura do dito 3º mundo, e isso incluindo o nosso Brasil. Não temos castas, mas temos certas similaridades que se encaixariam perfeitamente no discurso.

O Tigre Branco se encontra no catálogo da Netflix.

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