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Crítica: “Emilia Pérez”, transição de gênero do chefe do cartel

Emilia Pérez”, com mesmo título no original, é um filme de língua não inglesa, musical, de drama e suspense. Apesar do idioma mais falado/utilizado ser o espanhol, muitos tem considerado um filme francês por conta das equipes de produção, que são, em gigantesca maioria, franceses. A história do filme é uma adaptação utilizando como base a personagem principal de um capítulo do romance de 2018 criado por Boris Razon (também francês), “Écoute”, que seria originalmente utilizado para uma ópera.

Produções por Why Not Productions, France Cinéma 2, Pimienta Films, Page 114 e Pathé Films. Distribuição internacional feita por Pathé Films, já para o Brasil, por Paris Filmes. Dirigido e roteirizado por Jacques Audiard, tendo colaboração com o roteiro de Thomas Bidegain, Léa MysiusNicolas Livecchi.

 

SINOPSE

Rita Moro Castro (Zoë Saldaña) é uma advogada muito competente, mas, mesmo com doutorado, ela não consegue tanto sucesso na carreira, pegando geralmente casos horríveis apenas pelo dinheiro. Ela então recebe uma ligação de Manitas, o chefe do maior cartel criminoso do México. Manitas oferece uma fortuna inimaginável à Rita em troca dela conseguir, a qualquer custo, um cirurgião para realizar sua transição de gênero. Manitas então abandona sua mulher, Jessica del Monte (Selena Gomez), e filhos, e se torna Emilia Pérez (Karla Sofia Gáscon). Com uma novíssima vida, seguirá fora da criminalidade, o que será apresentado no decorrer do filme.

 

 

IMPRESSÕES

Apesar do título, apesar do que dizem, apesar da base para esse filme (o livreto “Écoute”), o roteiro faz parecer um tanto que a protagonista é Rita Moro Castro. O filme é, sim, em volta de Emilia Pérez, é sobre ela, é tudo ligado a ela, mas sempre pela ótica de Rita. Rita é quase como se fosse quem conta a história, mas ao mesmo tempo quem mais participa e a faz, a história, acontecer e progredir. Não tenho certeza se isso é bom ou ruim para o geral, público ou crítica, mas é algo que particularmente tenho um grande gosto.

Selena Gomez tem sua atuação padrão. Não é ruim, mas também não é algo notável, mas convence medianamente. Zoë Saldaña nitidamente entrega a melhor atuação no filme inteiro, em cada momento, em todas as cenas, até mesmo nas ruins/mal feitas. Gascón fez um bom trabalho, mas inferior ao de Saldaña.

 

rita-emilia-jantar
Cena do filme, Rita Moro Castro e Emilia Pérez

 

O filme apresenta erros bobos, algo que jamais esperariam em um filme com TREZE indicações ao Oscar. Em maioria as músicas não são tão ruins, mas de qualquer forma não convencem. O encaixe da maioria das músicas e suas performances, sendo ruim ou não, são fraquíssimos, e algumas vezes totalmente desconexo, sem sentido e “do nada”. O filme ainda apresenta cortes e jogos de câmeras que parecem amadores, tendo posições e até itens no cenário alterados.

A obra ainda se envolveu com inúmeras polêmicas por conta de afirmações do diretor, antigas mensagens de Gascón em redes sociais e a produção. O filme ainda conta com uso de inteligência artificial para aprimoramento do espanhol pronunciado. É extremamente provável que o leitor já tenha ao menos ouvido falar sobre algumas dessas polêmicas.

 

Poster de divulgação

 

CONCLUSÃO

Não é um filme, no geral, de fato ruim, e garantidamente não é a obra-prima que muitos afirmam ser. Tem uns erros inadmissíveis para um filme com 13 indicações ao Oscar, e outros que são apenas incômodos.

Todas as polêmicas envolvendo a produção do filme e a atriz Karla Sofia Gascón são fatos que farão, com certeza, tanto a crítica quanto o grande público não ver com bons olhos o filme.

Como existe aqui uma facilidade em separar a obra do autor/artista, fica a nota e “anti-recomendação” sincera, ou seja, acredito que seja muito mais provável que o leitor não goste do filme.

Nota: 6/10

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