Desde criança eu sinto que sou uma pessoa um pouco claustrofóbica. Nunca fui diagnosticado e nem nada e não acho que a minha claustrofobia é tão severa assim. Consigo viver normalmente por aí em ambientes confinados, como elevador, sem nenhum problema. Já tive uma crise que me deixou em pânico, mas foi algo muito pontual. De longe, o cenário que mais tenho medo de ficar confinado é o fundo do mar. Me arrepio só de pensar, e eis que vou ver ‘Sem Ar‘. Justamente fui ver um dos meus maiores medos em uma tela grande no ambiente escuro e frio do cinema. Com perdão do trocadilho, esse filme me deixou sem ar em vários momentos e esse é o grande ponto alto dele.
Sinopse
As irmãs Drew (Sophie Lowe) e May (Louisa Krause) se encontram pelo menos uma vez por ano para praticar o mergulho em lugares remotos. Dessa vez, o lugar escolhido foi a linda paisagem do Arquipélago de Malta. No meio do mergulho, parte da encosta cede e assim acaba soterrando uma delas deixando-a presa e com o oxigênio no limite. Agora, começa uma corrida contra o tempo para buscar ajuda e levar mais oxigênio para a irmã presa antes que ela morra afogada.
Um suspense onde o roteiro é inteligente
Verdade seja dita, o filme possui clichês do gênero, mas posso afirmar que é bom. Cria situações impossíveis e não dá a solução fácil demais. Quando achamos que a solução é clara, o roteiro faz questão de zoar com a nossa cara e dizer: “achou que seria tão fácil assim mesmo?”. Sem nenhum “ex machina”, o roteiro consegue nos dar todas as soluções de uma forma crível e que não seja exatamente mágica. Acompanhar a irmã que está livre tentando salvar a outra é sensacional e o desespero logo chega ao público.
Com apenas duas atrizes no longa inteiro (tirando os flashbacks), o roteiro consegue andar e nos dar situações bem perturbadoras. A falta de ar já fica em voga antes mesmo de tudo começar a acontecer. Temos uma amostra, mas é novamente o roteiro brincando com a gente dizendo que nada vai ser fácil. Ao mesmo tempo, que nos mostra todas as soluções. O roteiro certamente é a melhor coisa dessa obra e é feito com um cuidado absurdo para que nada esteja a toa ali e que tudo faça sentido no final.
Flashbacks não claros como ponto negativo
Para dizer que ele não é de todo perfeito, temos os flashbacks. Visivelmente notamos que alguma tragédia já assolou as duas irmãs e fica bem claro que foi algo com o pai. O problema disso é que não fica claro o que aconteceu. A irmã mais velha, May, sente um peso e uma culpa absurda por isso, mas não sabemos o que de fato aconteceu. Por mais que toque nesse assunto, não desenvolve. Essa poderia ser a cereja do bolo para mostrar tamanha determinação em sobreviver, mas falha por não fazer o público entender o que houve direito.
Conclusão
Esse é um bom filme que não consigo ver tendo uma carreira muito boa nas salas de cinema. A falta de nomes conhecidos na produção pode acabar deixando essa obra no ostracismo. Isso, ao meu ver, seria uma injustiça. ‘Sem Ar’ é para as pessoas que gostam de um bom suspense de confinamento e fica claro que ele não é nem um pouco indicado para os indivíduos que sofrem severamente de claustrofobia. Ele é uma boa diversão com aquele refrigerante gelado junto com uma pipoquinha bem gostosa.
‘Sem Ar’ estreia nos cinemas em 05 de outubro.