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Crítica: ‘Pobres Criaturas’, traz um dos papéis da vida de Emma Stone

‘Pobres Criaturas’ já é um filme obrigatório para se assistir apenas pelo seu currículo. Lá fora, estreou em 2023 e já tinha ganhado o Leão de Ouro, prêmio máximo do Festival de Veneza. Nas premiações de 2024, o filme já ganhou como Melhor Filme Comédia/Musical no Globo de Ouro e Emma Stone que aqui, também, é produtora, ganhou como Melhor Atriz no Globo de Ouro e no Critics Choics Awards. Além disso, conseguiu 11 indicações para o Oscar e já entrou automaticamente como um dos favoritos à maior premiação de cinema. Junta-se a esse currículo uma enorme fábula sobre descobertas em um mundo onde o trivial e a não-lógica prevalecem e já temos uma das maiores obras do ano.

Sinopse

Bella Baxter (Emma Stone) é trazida a vida pelo heterodoxo Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe), e nitidamente notamos que ela parece uma criança no corpo de uma adulta. Inicialmente ingênua, percebemos que a cada dia que passa, ela quer conhecer ainda mais o mundo que a rodeia. Ao conhecer o advogado astuto e debochado Duncan Weedderburn (Mark Ruffalo), ela resolve fugir com ele e viajar pelos continentes. Livre de amarras sociais e preconceitos da época, Bella irá exigir igualdade e libertação.

Além de Frankstein

A comparação imediata com Frankstein é mais do que justa. Logo em seu início, achei que a história rumaria por esse lado, mas para minha surpresa não foi. Criador e criatura se confrontam também, mas de uma forma muito diferente. Por mais bizarro que seja, existe um amor de pai e filha nessa relação. Superando esse tema, vemos que Bella é uma pessoa muito lógica e o mundo fora do muro de sua casa parece ser completamente sem lógica. Em um mundo atual, ela seria diagnosticada com algum grau de autismo, mas temos que lembrar que ela não é uma pessoa normal.

Aprendizagem através da lógica

O seu brilhantismo está nessa busca pelo entendimento do mundo. Porque as pessoas agem de formas irracionais quando o mais lógico não parece plausível. O melhor exemplo disso seria com o personagem interpretado por Mark Ruffalo. De início, ele é um homem confiante, arrogante e que acha que é o melhor espécime da raça humana. Quando Bella começa a entender o mundo, essa carapaça se desfaz e ele, enfim, mostra sua verdadeira faceta. Um homem mesquinho, machista e um verdadeiro covarde. Na jornada que seguimos com nossa protagonista, muito disso é visto. A hipocrisia das pessoas saltam à tela, enquanto Bella está apenas aprendendo a viver nesse mundo caótico e desleal.

Um dos papéis da vida de Emma Stone

A interpretação da Emma Stone realmente é algo diferenciado demais. Incrível vê-la no início do filme e comparar com a personagem do seu final. A mudança é gradativa. Trejeitos continuam, mas notamos o quanto ela vai mudando. O modo de se locomover, falar, pensar, tudo muda. Com certeza essa é uma das grandes performances de sua carreira, que sabemos que não é fraca. Mesmo assim, é muito bom notar que ela ainda tem muito o que nos mostrar.

Produção impecável

Essa interpretação, que também já foi premiada, tem a mão do diretor Yorgos Lanthimos, que dirigiu a atriz em ‘A Favorita’ (2018). Ele sabe conduzir muito bem a história nessa era vitoriana com um pequeno ar de steampunk. Figurinos belíssimos, direção de arte que ajuda a contar a história, uma fotografia estupenda e atuações dignas de serem premiadas completam essa obra. Não diria que ela é perfeita devido a seu mundo que nos soa um pouco bizarro, mas posso dizer que quase chegou lá.

Muito sexo

As cenas de sexo podem incomodar os mais puritanos. Elas são muitas, mas não são gratuitas. Estão ali para ajudar a contar uma história. Seja na hora da descoberta do prazer, seja quando Bella se pergunta porque as pessoas não fazem mais disso, e seja também na hora em que ela se desprende das barreiras sociais para fazer o que tem que ser feito. Inclusive, na parte de Paris, isso não é nem um pouco de graça mesmo. O sexo e suas situações em que ela é imposta ajudam a personagem a crescer e entender o mundo de uma nova forma.

Conclusão

Certeza que ‘Pobres Criaturas’ é um excelente filme, mas também tenho a certeza de que ele não será de fácil assimilação para muitas pessoas. Não é um filme convencional, em alguns momentos é nítido o fundo verde atrás, mas aqui soa como proposital. Como se estivéssemos vendo uma peça de teatro antiga. O valor de produção é altíssimo e espero que seja valorizado pelo grande público. Entrar de cabeça na jornada de Bella Baxter é a melhor maneira de sair da sessão de uma forma acalentada e prazerosa.

‘Pobres Criaturas’ estreia nos cinemas em 01 de fevereiro.

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