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Crítica: O Último Pub, um filme que nos traz fé na humanidade

Com seus 88 anos, Ken Loach (Você Não Estava Aqui) pode ter feito seu último filme com O Último Pub. Confesso não ser muito conhecedor dos filmes do diretor, mas se depender da obra de que vos falo, acredito que sejam bons e que eles possuem algo a mais para se falar. Aqui, a humanidade, a solidariedade, a bondade e até mesmo o egoísmo são postos a prova. O resultado é uma lição de vida que muitos poderiam levar para a sua vida.

Sinopse

TJ Ballantyne (Dave Turner) é dono do último pub de uma cidade que está vivendo um período de decadência. Quando vários refugiados sírios começam a chegar e a ocupar as casas vazias da região, alguns moradores se sentem invadidos por pessoas que acreditam que não deveriam estar ali. Com isso, a tensão cresce fomentando um possível conflito entre os nativos e os novos moradores. Vai caber a TJ e a algumas pessoas mais próximas fazerem a diferença para que a comunidade prospere mesmo com as diferenças de costumes entre os moradores da região.

Contexto do BREXIT

O filme se passa em 2016, e isso me fez acreditar que fosse baseado em algum fato. Aparentemente até onde eu procurei não foi, porém esse período é marcante porque foi em 2016 que ouve a votação da saída do Reino Unido da União Europeia. Essa separação foi galgada muito em cima de um preconceito e um certo racismo em cimas dos imigrantes. Sejam refugiados ou não, isso nos situa em um momento em que a xenofobia chega a ser escancarada e isso chega a fazer mal a quem assiste. Aquela famosa frase “não sou racista, mas…” comprova demais esse pensamento. Vale mencionar que nessa história o povo local vive uma era de abandono e a chegada de estrangeiros com uma pompa maior que eles tiveram causa uma inveja e um ódio de certa forma compreensível, mas que não justifica tratar mal o próximo tentando se mostrar superior. Esse pensamento exacerba mais quando é feito no âmbito coletivo.

Protagonista falho e humano

TJ é um protagonista falho. Desde que o conhecemos sentimos que ele tem um coração, mas quando ele conta sua história vemos que nem sempre foi assim. A rejeição de um filho e até mesmo a sua falta de vontade de viver faz com ele seja apenas uma pessoa humana. Mesmo assim, após mais uma tragédia particular, ele resolve que deve ajudar a comunidade. Ele pega o lema usado antigamente da cidade “comemos juntos, continuamos juntos” e coloca em prática. Através de doações resolve fazer uma janta gratuita para todos da região. Ele diz não ser caridade, mas sim solidariedade. Se existe um pouco de humanidade na sua alma, se torna impossível não se emocionar em alguns momentos.

A união faz a força

Esse senso de comunidade é que vai ajudar a região a se reerguer. Isso pode parecer tão óbvio, mas na prática nunca é. A união faz a força, essa frase é batida, porém é mais do que certa. O ódio, a inveja, o desprezo para quem você não conhece acaba sendo maior do que um possível lampejo de sobriedade que ela mesmo possa ser sua amiga. Isso é o que a extrema direita sempre impõe e disfarça como uma conservadorismo de que as coisas serão boas novamente. As coisas mudam, o tempo urge e se não se adaptar ao atual e de forma caridosa e amigável, só o que sobrará será o ódio e a nostalgia de um tempo que nunca voltará.

Conclusão

O Último Pub é um ótimo filme. Ele é pequeno no sentido de não ter nenhum ator famoso e de que não terá uma ampla carreira nos cinemas, infelizmente. Não é esse tipo de obra que o público geral quer ver, mas esse é o exemplar que todos deveriam ver. Ensina de forma simples como ser humano e como as diferenças podem ser trabalhadas para um bem maior. O novo e o desconhecido não são seus inimigos, apenas estão ali para serem descobertos e usados da melhor forma possível.

O Último Pub estreia nos cinemas em 08 de agosto.

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