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Crítica: ‘O Milagre’, um bom thriller psicológico da Netflix

‘O Milagre’ chegou a Netflix agora em novembro e chega com uma carga de importância grande ao catálogo. Ele é baseado no romance de mesmo nome lançado em 2018 e escrito por Emma Donoghue. Ela já tem em seu currículo uma indicação ao roteiro de ‘O Quarto de Jack’ (2015). Para completar a ficha técnica principal temos a direção de Sebastian Lelio (Uma Mulher Fantástica) que por muitos já é considerado o seu melhor trabalho; e também temos a Florence Pugh (Não Se Preocupe, Querida) no papel principal e mostrando porque ela é uma das atrizes mais importantes de sua geração. Para saber minha opinião sobre ele, basta ler o resto da crítica.

Sinopse

No ano de 1862, a Irlanda passa por um período de escassez de comida e uma jovem chamada Anna (Kila Lord Cassidy) está em um jejum intermitente de 04 meses e aparentemente se encontra saudável. A enfermeira Lib Wright (Florence Pugh) é chamada para observar e menina durante duas semanas e fazer um relatório sobre ela. Muitos acham que sua saúde é fruto de um milagre, uns que é um caso científico ainda não explicado e outros acham que ela é uma farsante. Nesse pequeno período de tempo, descobriremos segredos e entenderemos se isso realmente é um milagre ou não.

Fé x Ciência

Esse pequeno resumo é somente a ponta do iceberg da história. Vale lembrar que a enfermeira não é a única a vigiar a menina, uma freira também exerce esse trabalho de forma alternada com nossa protagonista. Esse detalhe é interessante, pois fé e ciência estarão lado a lado observando o mesmo caso juntos, apesar delas não poderem trocar informações entre elas. Esse detalhe vai crescendo conforme o filme vai avançando.

Em pouco tempo de vigília, a menina começa a se deteriorar rapidamente e a correr risco de vida pela inanição. O fato das pessoas quererem acreditar em algo pode acabar cegando para o óbvio. Crenças podem vir a ser prejudiciais se simplesmente negarem o que está na sua cara. Segredos são revelados e nele vemos que por causa de uma culpa por algo terrível do passado faz com que uma jovem ingênua e inocente sofra as consequências pelo fato da fé ter que se maior do que a coerência.

Junto a isso temos uma personagem que possui um passado obscuro. Perdas sentimentais enterradas vão florescer e buscar um certo tipo de reparação histórica para a nossa protagonista. Observar como as coisas vão caminhando aflora o seu lado humano e ela busca por uma saída lógica para tudo, mas como dialogar com pessoas que pensam apenas com a fé. Um diálogo final que a freira solta em seus momentos finais reflete muito sobre a fé e por acreditar demais em algo. Uma visão que ela teve simplesmente porque acreditou ser tudo uma verdade.

Florence Pugh

Não há dúvidas nenhuma de que essa mulher é uma das melhores atrizes da geração atual. Em pouco tempo de carreira eu ainda não vi uma atuação mais ou menos dela. Em todas elas, a atriz está excelente. Entre eles cito ‘Adoráveis Mulheres’ (2019), ‘Midsommar: O Mal Não Espera a Noite’ (2019), e o recente ‘Não Se Preocupe, Querida’ (2022). Aqui, nessa resenha, não poderia ser diferente. O longa é dela e apesar de muitos nomes bons no elenco, é ela que leva tudo nos ombros e crava aqui um ótimo trabalho. Esperando desde já pelo seu próprio papel.

Conclusão

Cravo que esse é um bom filme. Ele me prendeu e me fez ficar curioso com o seu desfecho. O termo thriler psicológico cai muito bem nele. A atmosfera criada de uma Irlanda em 1862 também dá todo o charme de uma produção de época do tipo. Ele não quer parecer grandioso, quer apenas contar uma boa história. O seu maior defeito fica por talvez ter um ritmo um pouco arrastado e por achar que a relação entre a nossa protagonista e um outro personagem tenha sido rápida demais e deixou o final um pouco não verdadeiro. A sua resolução da história é boa e me faz pensar que foi a melhor saída para todos.

‘O Milagre’ já está disponível para todos os assinantes da Netflix.

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