David Fincher é um dos meus diretores favoritos da atualidade. Se ele errou em algum momento, errou tentando acertar. Aqui, em ‘O Assassino’, ele repete a parceria de ‘Seven: Os Sete Crimes Capitais’, de 1995, com o roteirista Andrew Kevin Walker. Esse que é um dos meus filmes favoritos da vida. A ideia é boa, conseguimos ver a mão dos dois em todo o trabalho, mas não chega aos pés da parceria anterior deles. Não que ‘O Assassino’ seja ruim, mas faltou alguma coisa que o deixasse inesquecível.
Sinopse
O nosso assassino do título vivido por Michael Fassbander (X-Men: Primeira Classe) é um homem completamente metódico, frio e calculista que leva o seu trabalho muito a sério. Em um determinado dia, a espera dentro de uma tocaia começa fazer com que ele repense tudo o que faz. Chegado o dia de seu serviço, ele erra bruscamente e precisa fugir para não ser pego. O seu empregador resolve colocar a cabeça de nosso protagonista à venda, e a partir daí, temos uma caçada internacional e uma busca por vingança que só vai parar quando todos estiverem mortos.
O Assassino é um anti-John Wick
Esse filme é baseado na HQ ‘The Killer’ criada por Alexis Nolent (que possui o pseudônimo de Matz) com o artista Luc Jacamon em 1988. Por incrível que pareça esse projeto está nas mãos de David Fincher desde 2007 e só agora o projeto está vendo a luz do dia. Em uma época em que filmes como John Wick estão em alta e as cenas de ação se mostram cada vez melhores, ‘O Assassino’ vem na contramão de todo esse alvoroço e quase se transforma em um anti-John Wick.
Uma boa obra neo-noir, mas que peca no ritmo
Ele é um filme de assassino bem a moda neo-noir. Usando e abusando da voz em off, nós somos colocados a bordo desse mundo através de uma pessoa que parece não ter nenhum tipo de emoção. Essa escolha narrativa deixa tudo mais devagar e em um determinado ponto da trama a fadiga nos pega e só queremos ver logo o desfecho de tudo. Seus pensamentos são passados para o público como pensamentos que vemos em quadrinhos. Estamos vendo a imagem e lendo toda a descrição do que está acontecendo. Nosso protagonista é tão metódico que ao passear com a câmera mostrando o que ele está fazendo já nos dá uma certa aura burocrática. Ele é bom no que faz, justamente por obedecer suas próprias regras e isso o ser humano moderno não consegue entender completamente.
Uma incrível cena de luta
O nosso protagonista parece não ter emoção, mas algo acontece que vemos que ele não é um completo ser gelado. Essa sua vendeta por vingança mexe demais com o personagem e vemos ele sair dos trilhos. Ele esquece um pouco suas regras e faz coisas que um assassino profissional não deveria fazer. Isso nos dá uma excelente cena de luta que fica desde já entre as melhores do ano. A briga crua e brutal faz com que sintamos cada chute e soco desferido. Certamente, um dos melhores momentos do filme.
Conclusão
‘O Assassino’ não é um filme ruim, mas nos deixa com um gostinho de que poderia ter sido melhor. A direção de David Fincher é sempre um algo a mais, mas focar muito em uma trama mais cerebral e em menos ação prejudicou o andamento das coisas. O ritmo dele se torna lento e a vontade de chegar logo ao final só cresce conforme vai se passando cada capítulo. Em seu final ainda dá para curtir a presença de nossa atriz brasileira Sophie Charlotte (Todas as Flores). Antes também, mas não a tinha reconhecido.
‘O Assassino’ está disponível na Netflix.