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Crítica: Mickey 17, é uma boa ficção do diretor Bong Joon Ho

Bong Joon Ho sempre foi um bom diretor tendo obras como O Hospedeiro (2006), Expresso do Amanhã (2013), Okja (2017), até chegar em sua obra-prima, Parasita, de 2019. O sarrafo foi colocado lá em cima, e uma expectativa grande foi colocada em cima de sua nova produção, Mickey 17. Ainda mais com essa demora de 06 anos de um longa para o outro. A verdade é que temos uma ótima ficção-científica nas mãos, mas, sendo inevitável a comparação, fica abaixo de seu longa antecessor. Missão complicada essa de entregar algo melhor ou no mesmo nível de seu maior sucesso.

Sinopse

Em uma Terra futurista onde a raça humana parte em jornadas pelo universo para colonizar outros planetas, é indispensável que haja uma pessoa descartável para ajudar na evolução dessas expedições. É nesse contexto que conhecemos Mickey Barnes (Robert Pattinson), um homem desesperado que quer sair do planeta e que aceita essa ingrata função de ter seu corpo clonado com suas antigas memórias toda vez que morre por um bem maior. Após 16 mortes, ele começa questionar sua existência e o porquê desse cargo nunca ter sido ocupado antes.

Não é um novo Parasita

É impossível começar a ver esse filme sem a expectativa de que esse possar ser um novo Parasita. A verdade é que ele não é, e dificilmente terá um nesse mesmo nível e pegada. Esse fato pode ajudar a assisti-lo sem o peso que estão dando a ele. Dito isso, estamos diante de uma boa história de ficção-científica que nos faz pensar sobre a nossa existência e a morte. Tudo de um jeito com uma grande pitada de humor e um tom bem sarcástico a ponto de os humanos serem seres completamente frios e alheios ao nosso protagonista descartável.

Ética e a frieza humana

Seu primeiro ato é inteiro contextualizando como é esse mundo e como nosso protagonista foi parar na situação que está. Ninguém parece ter um pingo de compaixão com ele e é tratado como um ratinho de laboratório. É terrível se pararmos para pensar o quão fria é essa relação e faz parecer que todo mundo é assim. Essa bizarrice nos dá cenas muito boas, como o da mesa de jantar. A história de verdade começa a se desenrolar no seu segundo ato quando vemos um grande problema sobre ética e até onde ser um descartável é algo humano.

Um último ato abaixo da média

Essas questões são discutidas ao mesmo tempo que a humanidade não passa de seres sem almas. Com isso, temos bons momentos, mas também temos outros não tão bons. Considero o último ato bem fraco. Ele fica muito escalafobético e bobo. Os vilões se transformam em figuras caricatas e acho que isso perdeu o peso do que estávamos vendo até ali. Não estraga o todo, mas decai bastante nessa reta final. Robert Pattinson (Batman) está bem no papel, mas seu personagem também me deu uma irritada em um determinado ponto da projeção.

Conclusão

Mickey 17 não chega aos pés de Parasita, mas é uma obra divertida e contemplativa sobre o melhor e o pior do ser humano. Vale bastante para os fãs do diretor e para quem gosta de uma boa ficção-científica que discute questões éticas e humanas de uma forma fácil e bem humorada. Ainda em tempo, vale mencionar que essa é uma adaptação da obra literária Mickey 7 escrito por Edward Ashton. Notem que no filme o número dele é bem maior, ou seja, Bong Joon Ho teve o prazer de matar o personagem mais 10 vezes.

Mickey 17 estreia nos cinemas em 06 de março.

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