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Crítica: Caminhos Cruzados, é o novo drama dirigido e escrito por Levan Akin

Caminhos Cruzados é o mais novo filme de Levan Akin, que conta agora com apenas 3 filmes em seu currículo. Apesar de parecer pouco, nota-se uma maturidade muito grande na sua forma de filmar, retratando seres humanos de uma forma bem simples e credível. Essa obra é digna de ser passada em festivais pelo mundo, pois não é um tipo de cinema fácil, ao mesmo tempo que é intimista e que conta uma poderosa história. Mesmo que a saga dos protagonistas não pareça nada épica e empolgante. A verdade como ela é pode ser muito mais impactante do que uma ficção mirabolante.

Sinopse

Lia (Mzia Arabulli) é uma professora aposentada que fez uma promessa a sua falecida irmã: trazer a sua sobrinha Tekla de volta para casa. Ao descobrir que ela foi para Istambul, parte nessa jornada ao lado de Achi (Lucas Kankava), um jovem sem muito futuro que conhecia Tekla e que pretende recomeçar sua vida do zero nessa grande cidade da Turquia. Sem saber direito para onde ir e onde iniciar as buscas, eles conhecem Evrim (Deniz Dumanli) uma advogada que luta pelos direitos dos mais necessitados. A partir disso começa uma busca por uma pessoa que ninguém sabe ser quer se encontrada.

Além da sinopse

Algumas coisas devem ser mencionadas além dessa sinopse. Lia e Achin são georgianos que precisam ir para outro país para procurar uma pessoa que não sabem se quer ser achada. Essa dupla não fala o idioma local e isso deixa tudo mais complicado ainda para eles. No caminho, pessoas muito pacientes e atenciosas cruzam o caminho deles e mesmo assim essa busca parece impossível de ser completada. O interessante disso tudo também é o fato de que conforme vão avançando, as belezas e as possibilidades dessa cidade vão se agigantando e vai nos mostrando aos poucos que essa é uma busca que não dará em nada.

Uma bela condução do que desejamos e o que nos é dado

Tekla é uma mulher trans que foi completamente marginalizada em seu país e que vai para Istambul para recomeçar uma nova vida. Em nenhum momento acompanhamos o seu ponto de vista, mas sentimos ela ao longo de toda a projeção. Conforme nossos protagonistas vão chegando perto de seu paradeiro, é possível sentir um eco de sua presença como se tivesse escapado por pouco de ser achada. Essa possibilidade nos afeta de certa forma, pois clamamos por um final feliz. Essa vontade dentro de nós é normal, e o diretor Levan Akin sabe disso e acaba brincando com nossos sentimentos.

Levan Akin nos dá o doce e logo depois tira de nossas mãos

Nos seus momentos finais um “deus ex machina” se faz presente e quase bota tudo a perder. Porém, o diretor Levan Akin sabe o que está fazendo e nos dá um momento muito particular e emocionante do que gostaríamos que de fato acontecesse. Logo, isso se desfaz e a realidade acaba se mostrando de fato. Ele sabe o queríamos ver. Nos dá um pouco e logo tira tudo de nós. O seu final realista pode decepcionar alguns, porém é justamente ele que faz de Caminhos Cruzados um belo filme e nos faz repensar em quantas pessoas vivem em condições parecidas com de Tekla.

Conclusão

Caminhos Cruzados é um belo filme que nos dá um final que precisamos e não o que queremos. Isso é que acaba dando a ele o status de um bom filme. Sem resoluções fáceis que sejam do gosto do público em geral. Por sinal, não acho também que ele seja uma obra tão comercial. Esse detalhe faz com que apenas um nicho acabe assistindo. O que é uma pena. Levan Akin nos leva com brilhantismo em uma jornada que mostra o belo da cidade ao mesmo tempo que nos mostra o submundo das pessoas marginalizadas, onde desejariam por um momento que um ente querido fosse atrás delas.

Caminhos Cruzados estreou em 11 de julho nos cinemas.

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