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Crítica: Atiraram no Pianista, uma ótima escolha para iniciar o Festival do Rio 2023

‘Atiraram no Pianista’ é o novo filme animado de Javier Mariscal e Fernando Trueba, os mesmos responsáveis por ‘Chico & Rita’ que chegou a disputar o Oscar de Melhor Animação em 2012. Esse é o título escolhido para abrir o Festival do Rio 2023 e posso dizer que a escolha não poderia ter sido melhor. Apesar de não ter nenhum dedo brasileiro na produção, sendo uma coprodução entre Espanha, França e Países Baixos, esse longa é uma verdadeira carta de amor a Bossa Nova, gênero que nasceu no Brasil e se popularizou no mundo todo.

Sinopse

Um jornalista musical de Nova York embarca para o Rio de Janeiro em busca de escrever um livro sobre a nossa querida Bossa Nova. Ao se pegar escutando um pianista desconhecido e muito virtuoso, ele se pergunta como nunca tinha ouvido falar nesse rapaz chamado Tenório Jr., um músico brasileiro que simplesmente sumiu durante a ditadura argentina. Essa história se torna maior do que a que o jornalista originalmente iria escrever e assim começa a procura por pessoas conhecidas do pianista em busca de entender o que aconteceu com ele, de fato.

Uma mistura de ficção e documentário

Esse filme é tão rico em informações que fica até difícil saber por onde vou começar exatamente. Ele é parte ficção e parte documentário. Tudo isso banhado de uma animação por cima dos personagens reais da história. O nosso protagonista escritor é ficcional, mas todas as entrevistas e fatos juntados nessa projeção são reais. Com isso, embarcamos em uma viagem no tempo para o Rio de Janeiro do passado para entender os primórdios da nossa querida Bossa Nova. Como começou, quem foram os seus entusiastas e qual a fusão exata de ritmos que criou esse gênero tão amado pelo mundo afora.

Tenório Jr.

Tudo isso é explicado de forma bem didática e que nos prende em detalhes desconhecidos da época. Tudo muda de figura quando começamos a conhecer a história de Tenório Jr. e quanto o seu desaparecimento marcou todos os amigos músicos da época, e a sua família. Um sumiço cheio de mistérios que enfim se tem uma resolução. O amor pela Bossa Nova converge para um tributo a esse músico não tão conhecido quanto tantos outros, mas que teve o seu grande valor. Se não tivesse sumido, provavelmente teria tido o seu nome escrito por aí muito mais do que outros que conviveram com ele na mesma época.

Ditadura Militar x Bossa Nova

Importante frisar também o impacto das ditaduras da América Latina sobre esse movimento artístico inconfundível e marcante. Descobrir alguns relatos da época são simplesmente assustadores e demasiadamente cruéis. Juntar o fato político com a arte, nesse caso, machuca não somente os fãs da música como nos fere como seres humanos. Saber que o impacto foi tamanho a ponto de implodir gênios dessa arte, nos faz perder a fé de que existam pessoas boas por aí.

Conclusão

‘Atiraram no Pianista’ é um ótimo filme para se começar um Festival no nosso querido Rio de Janeiro. É muito bom ver a contada a história de um dos maiores gêneros apreciados no mundo todo. Só acho uma vergonha, o próprio povo brasileiro não dar a mínima para isso. Foi preciso vir uma produtora de fora para nos mostrar o quanto nós somos agraciados e abençoados por tudo isso.

‘Atiraram no Pianista’ está na programação do Festival do Rio 2023 e terá sua estreia oficial nos cinemas em 26 de outubro.

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