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Crítica: Às Vezes Quero Sumir, usa a monotonia como artifício

Daisy Ridler despontou para o sucesso na nova trilogia de Star Wars para o cinema: O Despertar da Força (2015), Os Últimos Jedi (2017) e A Ascensão Skywalker (2019). Muitos reclamaram dizendo que ela não tinha carisma o suficiente e muitos chegaram a dizer que nem se importavam com a personagem. Eu gostei dela, mas é fato dizer que depois disso não conseguiu grandes papéis marcantes. De cabeça, não consigo lembrar de nenhum outro filme que ela fez. Às Vezes Quero Sumir marca uma elogiada atuação da atriz, mesmo que o longa em si não seja bom o suficiente, ou pelo menos parece não ser. Talvez essa seja sua real intenção.

Sinopse

Fran (Daisy Ridley) é uma funcionária de um escritório em que quase passa despercebida, se não fossem as pessoas irem falar com ela. Fran possui um hábito curioso de sempre pensar em morrer. As coisas começam a mudar para ela quando Robert (Dave Merheje) chega na empresa e os dois iniciam uma relação amorosa inesperada. O grande problema é que quanto mais esse romance floresce mais ela precisa lutar contra seus demônios internos e pensamentos sombrios que a fazem se sabotar para não ser uma pessoa feliz.

Não é tão ruim quanto parece

Vou começar daquele meu jeito diretão de ser e dizer que o filme não me agradou como deveria. Achei monótono, arrastado e por muitas vezes bem desinteressante. Ele cai demais para o nível da introspecção e isso me tirou um pouco do que estava vendo em tela. Porém, não é tão ruim quanto parece, pois ele nos dá assuntos para discutir. Ele fala basicamente sobre a depressão e a auto sabotagem de uma pessoa que só vê os seus dias passarem esperando que enfim sua morte chegue logo.

A monotonia pode ser tratada como imersiva

Todo o marasmo e lentidão que senti durante a projeção acaba por fazer sentido. Isso torna meu parágrafo anterior até mesmo um pouco contraditório, pois esse sentimento de que tudo é chato e arrastado acaba sendo imersivo e adentramos a vida de Fran com força. Nota-se também que ela não é o tipo de pessoa que não fala com ninguém ou que é extremamente antipática e odiosa. Ela convive com todos do escritório normalmente, sendo que ela é estritamente na dela sem precisar falar mais do que deveria.

Amor e sabotagem

Toda essa carapaça aos poucos vai dando vazão a novos sentimentos como felicidade, amizade e amor. Tudo isso acaba confuso e ela se vê no direito de se sabotar. Quem nunca se viu diante de algo bom e acabou fazendo o mesmo? O medo de algo diferente e que nos tira de uma rotina programada pode ser assustador, mas também pode ser libertador. Basta dar uma chance e caso dê errado pelo menos tentou. Sentir uma dor no coração por causa de um amor que não deu certo é doído demais, mas ainda é melhor do que não sentir nada e ser completamente apático em sua vida sem pretensões alguma de uma felicidade completa.

Conclusão

Infelizmente, esse longa ser chato faz parte da imersão. Não chega a ser um excelente filme, mas é possível tirar lições valiosas dele. Às Vezes Quero Sumir pode ser considerado até um ensaio sobre momentos de uma depressão. Não acho que a protagonista é daquele jeito porque ela quer ou goste, a solidão acabou levando ela a ser desse jeito. Ao mesmo tempo em que se sentia protegida de tudo que era ruim, deixou de viver uma vida plena e mais saudável. Mas isso é um filme, ainda há espaço para um final feliz ou pelo menos, introspectivo.

Às Vezes Quero Sumir estreia nos cinemas em 23 de maio.

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