Sou uma pessoa católica, mas não me considero praticante e fervoroso. Porém, certas coisas da Igreja Católica me fascinam, e uma delas é o conclave. Um certo mistério e segredo envolvem essa mística comum para a escolha do novo papa. Um bando de cardeais se isolam do mundo e só saem de lá com essa decisão. A cada votação veem se já tem um veredito. Se não, queimam os votos saindo uma fumaça preta que indica para as pessoas lá fora que ainda não chegou ao final. Caso a fumaça seja branca, é sabido que um novo papa foi escolhido. Sempre me peguei imaginando como seria lá dentro. Graças a Conclave, tive uma grande ideia de como é. Um jogo político se instaura e com isso temos um ótimo filme.
Sinopse
Após a morte inesperada do atual pontífice, o Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes) é encarregado de conduzir esse processo confidencial. Os líderes mais poderosos da Igreja Católica de todo o mundo se reúnem nos corredores do Vaticano para participar da seleção, cada um com suas próprias ambições. Lawrence se vê no centro de uma conspiração, desvendando segredos que ameaçam não apenas sua fé, mas também as fundações da Igreja.
Bom roteiro
O filme é baseado no livro de mesmo nome de 2016 escrito por Robert Harris. Gostaria muito de ler, pois, com certeza nele terá muito mais detalhes e ainda deve possuir explicações sobre alguns momentos em que senti que fez falta em tela. O bom roteiro escrito por Peter Straughan (O Espião Que Sabia Demais) não deixa pontas soltas por mais que pareça que sim. Tudo tem uma explicação e mesmo que não esteja na cara, é só se lembrar de algumas cenas anteriores. Ele não verbaliza coisas óbvias. Ele consegue deixar você ter suas conclusões e as explicações surgem subsequentemente. Considero um texto lindo e de puro primor.
É lento, mas nem um pouco cansativo
O longa pode parecer lento, mas não é chato e muito menos cansativo. Sua levada devagar até pode incomodar os mais ansiosos, mas ele sempre vai para frente. Não enrola e nem tem barriga. Todas as conspirações que o Cardeal Lawrence vai descobrindo e arrumando um jeito de contorná-la são ótimas. Muitos personagens giram em torno dessa trama e todos tem sua função narrativa muito bem definida. Os momentos da votação são bem nervosos e tensos. Nós, como público, acabamos torcendo por algum deles. Eu tive meu favorito e fui com ele até o final. Esse é um trabalho excelente de roteiro e direção. Nos manter o tempo todo interessados pelo o que virá a seguir não é uma tarefa fácil.
Um thriller político em pleno Vaticano
Embora se trate da Igreja Católica, essa não é uma obra cristã. Ele é um thriller político que reflete até mesmo o nosso mundo aqui fora. Cada Cardeal candidato possui uma característica forte que nos faz lembrar de alguém. Temos um mais radical, um mais moderado, o ambicioso, aquele que não quer esse cargo, e temos também o azarão que ninguém dá nada, mas que tem muito para oferecer. A escolha do novo papa vai seguir com uma grande surpresa que poderia mexer com os alicerces da Igreja, mas isso, deixo para você descobrir assistindo ao longa.
Conclusão
Fazer um texto sobre Conclave não foi fácil. Ele tem muitas camadas e precisaria de um texto muito maior para falar sobre tudo. Um debate seria o ideal, pois, cada um irá pescar algo diferente. Até agora penso nele e descubro algo novo. Não por acaso, o longa foi indicado a 08 Oscars e entre eles temos: Melhor Filme, Mellhor Ator para Ralph Fiennes (A Lista de Schindler) e Melhor Atriz Coadjuvante para Isabella Rossellini (Veludo Azul). Não mensurei suas chances ainda, mas com certeza é uma obra que merece ser vista.
Conclave já está disponível nos cinemas.