Aquela história de que ao envelhecer tudo o que se quer é um lugar calmo, com sombra e água fresca para descansar, não vale para a carioca Ágata Désmond. Atualmente com 75 anos, ela criou há 3, a primeira Gibiteca em Escola da Rede Pública Estadual do Rio de Janeiro, a Gibiteca Edmundo Rodrigues.
Diretora de Produção, Atriz e Escritora, ela tem uma rotina bem puxada. Acorda todos os dias por volta das 7h e passa pelo menos 1h fazendo musculação, na Academia do Bairro aonde mora, no Leme, Zona sul do Rio de Janeiro. Depois gerencia todos os afazeres domésticos e ainda cuida dos dois cães que tem, um delescom apenas 7 meses de vida. O doguito é tão levado que tem o nome de “meio quilo”. E se você acha que depois de tanta coisa, essa senhora aproveita as tardes para dormir, está completamente enganado. É nessa hora, que ela faz o que mais gosta – Empreender Cultura – através da Gibiteca Edmundo Rodrigues que funciona no Colégio Estadual Infante Dom Henrique, em Copacabana. Ela é a Primeira Gibiteca em Escola da Rede Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Agata Désmond apresenta a Gibiteca Edmundo Rodrigues
A Gibiteca é um Sonho e uma herança
Com paredes adesivadas com temas de Quadrinhos e mobiliário bem colorido, com direito a um Homem Aranha em tamanho real, a Gibiteca parece um sonho. Muito bem cuidada e organizada, possui quase 15 mil títulos de Histórias em Quadrinhos e um bom acervo de livros especializados , que agradam aos mais exigentes Colecionadores , Universitários e Pós Graduandos que se interessam pelo tema.
” Trabalhei muitos anos com o artista Edmundo Rodrigues, foi o desenhista
que fez o Jerônimo – O Herói do Sertão para Gibi, ele foi pioneiro na reconstrução de crimes na Tv, foi autor de inúmeros livros e trabalhou quase a toda vida
como editor de HQ, na Bloch Editores. Quando ele faleceu, a família me deixou encarregada de cuidar do vasto material dele, foi aí que decidi não deixar o amor
pela Hq morrer e pensei em criar a Gibiteca.” explica Ágata
Funcionando no segundo andar do Colégio Infante Dom Henrique, a Gibiteca Edmundo Rodrigues é muito frequentada. Pelo menos, 1500 alunos circulam pelo lugar. Esse é o total de estudantes da Escola.
Cursos grátis
Muitos dão aquela passadinha na Edmundo Rodrigues para assistir filmes num telão de Led ou participar gratuitamente de alguma das três oficinas oferecidas e ministradas por Ágata Désmond.
” Aqui oferecemos oficinas de Desenho, Roteiro de Tv e Documentários, e Rádio. Temos uma rádio própria que é a Rádio Infante. Comprei um sistema de rádio com microfone sem fio e no intervalo, os alunos fazem os próprios programas. Temos notícias, música e até público. O detalhe é .. que eles mesmos, são os repórteres, produtores, comunicadores e os cantores . Nesse clima de “brincadeira” muitos aprenderam a escrever, criar, perderam a timidez e melhoraram muito na pontuação da Redação do Enem.” conta orgulhosa a Fundadora
A Gibiteca funciona emprestando livros e Gibis para estudantes cadastrados e sempre que possível, Ágata se preocupa em saber o que o aluno leu e entendeu da História. Muito atuante, ela
participa de tudo. Nesse tempo de pandemia, mesmo com o ensino virtual, os alunos não foram esquecidos.
Mesmo na Pandemia a Gibiteca está “on”
Assídua nas Redes Sociais, essa internauta de 75 anos, decidiu fazer um projeto para aproximar os Alunos e Escola. Criou uma série de entrevistas on line direcionadas para os alunos e promoveu documentários com eles. Um deles sobre a Pandemia, foi feito por celular. Os alunos participaram do Roteiro, Edição e Pesquisa.
“A ideia é aproximar os alunos do ambiente profissional para ajudá-los a se posicionar melhor no Mercado. Escola é boa, mas acaba e o aluno precisa estar preparado. Quem se prepara melhor, tem melhores opções de escolha e poder de decisão. Por isso, além do acervo, das opções de filmes, trazemos profissionais renomados na Gibiteca e até participamos da Bienal do Livro do Rio de Janeiro”. O Que Ágata esqueceu de dizer, é que foi nessa última Bienal que os alunos lançaram uma HQ totalmente feita por eles e que trouxe o Diretor no Colégio, ilustrando a Capa. Ele veio com o Super Herói da Educação.
“As pessoas sempre me perguntam “se eu não canso?”. Muitos acham uma perda de dinheiro e de tempo, investir toda essa minha energia, num projeto voltado para jovens que eu nem conheço. Nem respondo a perguntas assim. Digo sempre que estou fazendo uma obra e estou mesmo, obra de transformação de pessoas através da cultura. Através das Hqs e dos desenhos muitos jovens foram e ainda serão alcançados. Uma vida vale muito e poder participar dessa mudança, é muito gratificante. Não tem preço.” finaliza a empreendedora de 75 anos, que ainda tem uma série de projetos a realizar dentro da Gibiteca Edmundo Rodrigues.