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Crítica – ‘A Casa do Dragão: 1º temporada’, mantém o nível de Game of Thrones

Game of Thrones

Não há dúvidas de que Game of Thrones foi uma das melhores séries da última década, quiçá de todos os tempos. Ela durou de 2011 até 2019 contendo 8 temporadas e com 73 episódios no total. Ela teve muito apelo entre o público por englobar histórias políticas, fantasiosas e sobrenaturais dentro de um mesmo enredo. Tudo isso com mortes traumatizantes entre protagonistas e com reviravoltas capazes de nos deixar de boca aberta a cada episódio. Tudo bem que seu final ficou longe de ser unânime. A falta de material base acabou por prejudicar o seu encerramento causando uma correria na história e ignorando até mesmo ideias do criador da franquia de livros, George R.R. Martin. A Casa do Dragão veio pra acalmar esse povo.

Com o grande sucesso da série, era questão de tempo para que a HBO criasse novos derivados para a franquia. A primeira série a sair do papel foi chamada de ‘The Long Night’ (A Longa Noite). Ela se passaria há milhares de anos e mostraria a origem dos White Walkers junto com o fim da Era dos Heróis. Ela seria protagonizada pela atriz Naomi Watts (King Kong) e chegou até mesmo a ter o seu piloto todo gravado. A HBO não gostou do resultado e cancelou a série. Depois disso é que foi considerada A Casa do Dragão (ou House of Dragon). História que remete a uma guerra civil dos Targaryen. Tudo o que o público quer ver: intrigas políticas e brigas de família. Confira a crítica a seguir.

A Dança dos Dragões

A história principal dessa nova série remete há pelo menos 170 anos antes dos acontecimentos de Game of Thrones (Guerra dos Tronos). Foi iniciada uma Guerra Civil entre os Targaryen chamada de ‘A Dança dos Dragões’ que começou após a morte do Rei Viserys I (Paddy Considine), que ficou conhecido como o Rei Pacífico. A briga da sucessão ficou para Rhaenyra Targaryen (Milly Alcock/Emma D’Arcy), legitimada pelo próprio rei e pai; e Aegon II (Tom Glynn-Carney), o primeiro herdeiro homem vindo do seu segundo casamento.

Passagem de tempo

Essa sinopse permeia toda a primeira temporada. Esse desdobramento inteiro não começa simplesmente de um dia para o outro. Vemos que foi um desenvolvimento de anos e que, após muitos desentendimentos, enfim essa tal guerra começa. Foram feitas algumas reclamações sobre as passagens de tempo com o argumento de que não dava para se prender aos personagens. Segundo os próprios produtores, eles tinham que avançar, pois nos períodos pontuais poucas coisas aconteciam e era por isso que a história precisava avançar.

Ao meu ver, ela foi muito bem contada, por mais que em alguns momentos sentisse que faltou alguma coisa aqui e ali. Muito material foi descartado na sala de edição, vide alguns vídeos e fotos de bastidores, mas isso tudo foi preciso para deixá-la mais concisa e o mais dinâmica possível. Séries desse tipo é preciso ter um tempo para desenvolvimento de personagens e a lentidão era necessária em diversos momentos para tudo fazer sentido.

Tramas políticas (ou casos de família)

Um dos detalhes mais interessantes em Game of Thrones eram as tramas políticas. Eles pensaram e em ‘A Casa do Dragão’ toda sua trama principal é galgada nisso. O porém é que estamos falando de uma família bem grande e com muitos herdeiros. Uma briga familiar é instaurada entre o núcleo principal e percebemos que talvez tudo fosse resolvido com um grande jantar para selar a paz entre todos (vide episódio 8). Todas essas nuances são muito bem desenvolvidas e é incrível como um fato do passado acaba por reverberar no presente e acabar com tudo o que foi construído até então.

Rhaenyra x Alicent

Essas duas personagens são centrais na trama e são a alma de cada uma das famílias. Elas são tão importantes que foram as únicas que tiveram duas atrizes para interpretá-las em dois momentos distintos. Ainda jovens em seus 5 primeiros episódios e um pouco mais velhas nos últimos 5 episódios. Vê-las agindo como amigas no início e se tornando praticamente nêmesis uma da outra já no final é incrível. Quantas coisas se passaram desde aquele longínquo 1º episódio. Tudo se desenrola por amor e medo pelos seus entes queridos. Tudo bem que a Alicent (Emily Carey/Olivia Cooke) tem uma grande influência de seu pai que conseguiu manipular muitas coisas na corte e manter o status de sua família Hightower bem no alto.

O pulo no tempo

Esse pulo em anos fez mudar demais a dinâmica da série. Se no início era tudo mais leve, esse salto temporal fez com que tudo ficasse mais sombrio e perigoso. Do episódio 6 até o 8 a tensão entre as famílias só cresce ao ponto de acharmos que vão sair no braço a qualquer hora e em qualquer lugar. A cena do jantar está entre as melhores de toda a série, pois justamente vemos todo esse clima tenso entre todos os presentes.

Impossível não escolhermos um lado e acredito que a maioria esmagadora opte pela Rhaenyra. Ver aquele episódio em que apenas ‘Os Verdes’ dão as caras na tela, é de deixar todo mundo com raiva e aflito com o que vão aprontar.

Dragões

Em Game of Thrones, os dragões já eram uma raça em extinção e aqui nós temos muitos. A cada momentos somos apresentados a um deles e ainda temos outros a aparecer. O grande problema é que foi nesse período em que essa atual série se passa que eles começarão a morrer. Só de pensar nisso já nos dá uma tristeza interna. Embora ainda não tenhamos visto algumas dessas mortes (apenas uma), é bom se preparar para isso. Os efeitos visuais dos lagartos voadores estão realmente incríveis e dignos de uma grande obra.

Produção 100%

Não tenho o que falar mal de toda a produção. Ela é impecável do início ao fim. Cenários, efeitos visuais, direção de arte, figurino, maquiagem, atuações, direção…tudo sem ter o que tirar. Talvez minha maior reclamação fique para o roteiro aliado com a edição. Contar uma grande história em um capítulo de 1 hora que aborde um período pode deixar a desejar em alguns aspectos. Temos a sensação que algo está faltando e que uma explicação melhor para alguns fatos nos deixassem mais inseridos no que de fato está acontecendo. E que fique claro que esse problema não é na série inteira, apenas em determinados momentos.

Abertura

Esse detalhe não afeta a série como um todo em nenhum momento, mas não gostei de terem colocado a mesma música da série original. Ela é linda, maravilhosa e nos faz cantar todas as vezes que a escutamos, mas acho que poderiam ter colocado uma nova para diferenciar um pouco uma série da outra. Repetindo, não estraga a série em nada, mas uma pequena mudança nesse detalhe poderia tê-la tornado um pouco mais independente.

Conclusão

Se você não viu A Casa do Dragão, não sei porque ainda está aqui lendo essa resenha. Vê-la de semana em semana foi bom demais, pois teorias e fatos puderam ser conversados de uma forma bem saudável. Caso estivesse esperando para acabar e ver tudo de uma vez, a hora é agora. Recomendo ela a todos, principalmente para quem já amava a série mãe. Para quem nunca viu, recomendo que veja e terá uma ótima obra a disposição. O grande problema agora é ter que esperar pela 2º temporada que provavelmente só chegará no final de 2023 ou até mesmo em 2024. A Dança dos Dragões finalmente começou.

A 1º temporada de ‘A Casa do Dragão’, ou ‘House of Dragon’, já se encontra completa na HBO Max.

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