Meu Pai é mais um dos filmes que chegou forte na premiação do Oscar. Conseguiu 6 indicações e entre elas foi indicado para Melhor Filme, Melhor Ator (Anthony Hopkins), Melhor Atriz Coadjuvante (Olivia Colman), Melhor Montagem, Melhor Design de Produção e Melhor Roteiro Adaptado. Acabou sendo vencedor em 2 categorias: Melhor Ator para Anthony Hopkins e Melhor Roteiro Adaptado. Ele é a adaptação de uma peça de muito sucesso que inclusive já foi adaptada no Brasil. A direção é de Florian Zeller que faz sua estreia nas telonas e que não por acaso também é o autor da peça. Nada melhor do que o próprio para fazer a adaptação.
Sinopse: “Em Meu Pai, um homem idoso recusa toda a ajuda de sua filha à medida que envelhece. Ela está se mudando para Paris e precisa garantir os cuidados dele enquanto estiver fora, buscando encontrar alguém para cuidar do pai. Ao tentar entender suas mudanças, ele começa a duvidar de seus entes queridos, de sua própria mente e até mesmo da estrutura da realidade.”
Já quero te preparar para emoções fortes. ‘Meu Pai’ mexeu demais com meus brios e acabei a projeção chorando copiosamente e um pouco destruído por dentro. Pode ter sido apenas o meu estado de espírito do momento, mas mesmo assim, acredito que até o mais forte não sairá ileso dessa história forte e poderosa. Fica até o meu aviso para não vê-lo, caso esteja mal emocionalmente, pois ele vai te abalar. Calma, não é uma história que irá te fazer ter pesadelos, é apenas a vida real sendo verdadeira e cruel.
Inicialmente, começamos o longa de uma forma simples e bem linear. Facilmente entendível ao público. Rapidamente isso começa a mudar. Esse fato pode deixar todos os espectadores confusos e se perguntando o que está realmente acontecendo. Ele lembra muito filmes do diretor David Lynch (Cidade dos Sonhos), mestre dessas confusões surrealísticas. Isso nos deixa querendo saber o que está acontecendo e ir em busca da verdade. Por diversos momentos ficamos nos perguntando o que é real e o que não é. Existe um modo de seguir a linha da verdade, mas é melhor não dizer para que não estrague qualquer tipo de surpresa.
Muito do mérito do longa é da direção e outra muito grande é da edição (sobre os atores falo em outro parágrafo). São detalhes pequenos que dão a grandiosidade da obra. Os cortes certos no momento certo fazem a diferença no final. Um exemplo brilhante disso é uma cena que começa de uma forma, se desenrola dramaticamente e culmina justamente como no início dela. Sem nem sentirmos e sem prevermos somos pegos por esses jogos criados pela excelente montagem.
Posso dizer sem medo de soar exagerado que essa é uma das melhores performances da vida de Anthony Hopkins (O Silêncios dos Inocentes). Você consegue enxergar em suas expressões toda a confusão e dor que ele está sentindo no momento. Seus trejeitos de atuação estão ali e sempre compõe algo fantástico. É tão natural que parece apenas ele na vida real. Não posso deixar de mencionar a performance de Olivia Colman (A Favorita) quem também está espetacular. Se bobear a atuação dela consegue superar a do protagonista. Ela é a filha que está sofrendo ao ver o pai nessa situação que beira o desespero. Impossível você ser uma pessoa inteira com esse drama. Ela está impecável. Simples e com uma atuação forte.
Recomendo a todos. Achei um ótimo filme e obrigatório para todos que gostam de um bom drama, mas cuidado, ele é forte e pode te afetar de um jeito que não está esperando. Escolha um dia bom para vê-lo. Quando digo “bom”, me refiro a um dia que esteja com uma cabeça boa e que mesmo que se abale com ele você consiga deixar isso de lado e fazer coisas divertidas e boas para a cabeça depois. O final pode ou não ser surpreendente para você. Não foi para mim, mas me pegou de jeito.
Meu Pai se encontra em cartaz nos cinemas e disponível para alugar em algumas plataformas pela Internet.