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Resenha: Judas e o Messias Negro

Já vou me adiantar a tudo e dizer que Judas e o Messias Negro é um filme excelente e é daqueles que todos precisam ver. Dirigido por Shaka King (mais conhecido por direção em séries) e com produção de Ryan Coogler (diretor do filme Pantera Negra da Marvel) e Charles D. King (Um Limite Entre Nós) já chega para mim como um dos favoritos ao Oscar. Conquistou 6 indicações, entre elas: Melhor Filme, 2 indicações para Melhor Ator Coadjuvante (Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield), Melhor Fotografia, Melhor Canção Original (“Fight for You”) e Melhor Roteiro Original. Só esse currículo já o torna obrigatório ser visto.

Sinopse: “Judas e o Messias Negro é a história de ascensão e queda de Fred Hampton (Daniel Kaluuya), ativista dos direitos dos negros e revolucionário líder do partido dos Panteras Negras. Um jovem proeminente na política, ele atrai a atenção do FBI, que com a ajuda de William O’Neal (LaKeith Stanfield) acaba infiltrando os Panteras Negras e causando o assassinato de Hampton.”

 

Já comentei isso em textos anteriores, mas irei me repetir um pouco. É muito bom que filmes nos contem histórias de eventos reais. Por serem de um tempo que eu mesmo não tinha nascido e por nunca ter lido nada sobre o assunto me faz ficar por dentro de acontecimentos históricos que o mundo não pode esquecer. O que é contado aqui é uma verdadeira covardia e o título do filme resume muito bem sobre o que poderemos esperar sobre a obra.

A história impacta, mas não surpreende. A história apenas se repete em uma geografia diferente. Incrível o poder de oratória de Fred Hampton, líder do partido dos Panteras Negras em Illinois. Conseguiu unir negros, rednecks e latinos em uma mesma causa, sendo chamados assim de Coalizão Arco Íris. Essa união era muito poderosa e nos mostra o quanto Fred era bom com palavras. Em um mundo onde Malcom X e Martin Luhter King foram assassinados por conter o mesmo dom, Fred se torna uma ameaça aos Estados Unidos do “bem”.

Era importante que os Panteras Negras fossem vistos como terroristas para o governo estadunidense. Dessa forma eles poderiam matá-los ou prendê-los usando essa desculpa. Tudo para não mudar o seu status quo. Métodos sujos são usados e nos sentimos com raiva por ver tamanho absurdo. O personagem Roy Mitchell, vivido por Lakeith Stanfield (Entre Facas e Segredos) entra na trama para expor por dentro a podridão do partido. O incrível é que nada é achado, pois Fred Hampton, vivido por Daniel Kaluuya (Corra”) é um bom homem que só quer fazer o melhor para o seu povo. A comparação feita com Jesus Cristo é certeira. Isso tudo leva o personagem de Roy ao extremo até o seu derradeiro final.

Preciso de um parágrafo para falar da atuação de Daniel Kaluuya. Ele está impressionante aqui. Pode parecer uma atuação normal em vários momentos, mas tem um momento em específico que você vai entender porque tem se falado tanto em sua atuação. A cena é aquela onde após sair da prisão (preso por um motivo banal) ele discursa para seus seguidores. A sequência toda tem uma energia inexplicável e é impossível não se arrepiar com seu discurso. Kalluuya manda muito bem e mostra porque é o favorito ao Oscar e porque ele tem ganho todos os prêmios da temporada na categoria de Melhor Ator Coadjuvante. Minha torcida certamente é dele.

Todos os fatos ocorridos no longa foram tiradas de informações que o próprio Roy Mitchell deu após um programa de TV que foi ao ar 1989. O seu desfecho é pesado, mas preciso e informativo. Os seus momentos finais nos chega como um grande soco no estômago. É preciso sempre lembrar do passado para não repetir os mesmos erros no presente e nem no futuro. Esse longa nos deixa uma grande lição de que pessoas boas pagam por incomodar os grandes que sentem o seu modo de vida ameaçado. Paralelos podem ser feitos até mesmo no nosso país, e não difíceis de achá-los.

Judas e o Messias Negro está em cartaz nos cinemas.

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