A HBO tinha um slogan antigo que dizia: “isso não é TV, é HBO”. Isso queria dizer que eles não eram um canal qualquer, e sim que eles possuíam a qualidade premium em seus shows. Entre alguns exemplos para comprovar isso, temos: Game Of Thrones, Succession, Watchmen, The Last Of Us, Euphoria, só para citar alguns exemplos mais recentes. Pinguim chegou com esse selo de qualidade e posso ousar dizer que é uma das melhores séries do ano. Não tenho nada para falar mal dela, apenas elogiar.
Sinopse
Após a morte de Carmine Falcone (Mark Strong), líder da família mafiosa dos Falcone, abre-se um vácuo de poder que ninguém esperava. Oz Cobb (Colin Farrell) é um dos capangas da família, mas se sente pronto para assumir tal cargo de poder dentro da máfia de Gotham. Assim, ele enfim conseguirá dar a sua mãe, Francis Cobb (Deirdre O’Connell), a vida que sempre prometeu. O problema é que ele não é o único que visa isso, e irá ter que enfrentar todos os inimigos que ficarem em seu caminho. Principalmente, Sofia Falcone (Cristin Milioti), filha de Carmine que cumpriu pena e foi solta do Asilo Arkham recentemente.
Eventos após o Batman de 2022
Pinguim começa imediatamente após os eventos de Batman, filme de 2022 estrelado por Robert Pattinson e dirigido por Matt Reeves. O diretor também assina a produção aqui e tudo o que acontece está sob seu olhar. Se no longa de 2022 Oz Cobb é só um capanga, aqui, ele quer simplesmente ser o maioral. Deseja dominar tudo, ser respeitado e ajudar os mais necessitados. Mas não se esqueça, ele é um vilão, e isso pesa muitas vezes durantes os 08 episódios. Torcemos por ele, afinal é o protagonista, mas sabemos o quão sem escrúpulos ele é. Nisso reside alguma das genialidades desse roteiro. Ter ojeriza a ele ao mesmo tempo que temos empatia. Ele é conhecido por ser o Pinguim no submundo do crime, mas não acho que ele goste desse apelido.
Um excelente estudo de personagem
A verdade é que estamos sendo testemunhas de um estudo de personagem da forma mais brilhante possível. Oz está longe de ser uma figura bidimensional. Ele possui muitas camadas que vamos descascando aos poucos ao longo desses episódios. O seu desejo pelo poder, o amor incondicional pela mãe e as mentiras que ele usa o tempo todo para se livrar dos perigos são muito bons e fazem sentido de acordo com todo o contexto dado. Cada vez que vamos mais fundo em sua psiquê entendemos mais e ficamos mais confusos ainda sobre torcer ou não por ele. Colin Farrell (Os Banshees de Inisherin) dá um show e cala a boca de quem diz por aí que ele não é um ator tão bom assim. A maquiagem em cima dele é incrível a ponto de não o reconhecermos. Mas é ele, e está simplesmente arrasando.
Sofia Falcone como antagonista
Em contraponto a ele, temos a personagem da Sofia Falcone. Alguns podem vê-la como vilã, mas a vejo apenas como antagonista. As suas nuances também são ótimas e a personagem é tão boa quanto a do nosso protagonista. O episódio 4 foi destinado a ela, e que episódio. Posso julgá-lo o melhor da série e Cristin Milioti (Palm Springs) dá um show. Sua transformação de boa menina ao que vemos na série é totalmente crível e todos os seus passos são plausíveis com o que ela passou. Uma mulher que busca vingança e que não vai medir esforços. Ela é mais “heroína” do que Oz, mas a série não é sobre ela…
Série perfeita
Tecnicamente a série também não deixa nada a desejar. O roteiro é redondo e além disso nos traz nuances perfeitas para os principais personagens. A direção e fotografia podem parecer despercebidas, mas elas trazem o tom sombrio de Gotham e todo aquele clima gótico e de máfia se fazem presentes. Impossível não comparar o teor de tudo com Scarface (1983) e Família Soprano (1999 – 2007). Valor de produção enorme, atores certeiros para cada papel e uma trama com muitas ramificações onde nada é por acaso e nada é esquecido.
Conclusão
Pinguim ganha a nota máxima na minha opinião. O final é digno de um bom vilão, mas ele é agridoce. Afinal, não tem como ganhar tudo. Já está certo que ele aparecerá em Batman 2 (sem previsão de lançamento), mas agora não como um qualquer. Agora como o Pinguim que conhecemos. E alguns devem se perguntar: “onde estava o Batman em todo esse massacre da máfia de Gotham?”. Não sabemos. Só nos resta esperar para termos a dúvida sanada.