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Parthenope: Os Amores de Nápoles, novo épico mundano do Sorrentino

Parthenope: Os Amores de Nápoles é o mais novo filme de Paolo Sorrentino, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2014 por A Grande Beleza. Antes de ser lançado, foi adquirido pela A24 e causou um certo burburinho quando passou pelo Festival de Cannes em 2024. Além disso, também fez parte dos filmes selecionados no Festival do Rio em 2024 com sessões bem concorridas. Nele, conseguimos ver todo o amor que o diretor tem por Nápoles enquanto acompanhamos um épico mundano com muitos toques de contemplação. O diretor nasceu nessa cidade, e podemos ver como ela é importante para ele ao mesmo tempo em que consegue apontar seus defeitos.

Sinopse

Conheça a longa jornada de Parthenope (Celeste Dalla Porta) desde seu nascimento, em 1950, até hoje. Um épico feminino desprovido de heroísmo, mas repleto de uma paixão inexorável pela liberdade, por Nápoles e pelo amor — verdadeiro, sem sentido, inexprimível ou breve, do tipo que condena ao sofrimento, mas motiva a recomeçar. Observados, amados, desiludidos e cheios de vida, os napolitanos em torno de Parthenope são acompanhados em suas ondas de melancolia, ironias trágicas e momentos de desânimo.

Celeste Dalla Porta é um achado

Na mitologia grega, Parthenope é o nome de uma sereia que deu origem a cidade de Partenope que depois viria a ser refundada como Nápoles. A nossa protagonista é batizada com esse nome e tudo, rapidamente, faz sentido. Incrível como é hipnotizante em tela e como é fácil se apaixonar por ela. A atriz Celeste Dalla Porta (estreante em longas-metragens) é um achado impressionante. Incrível como é bela e simples ao mesmo tempo. Todos se apaixonarem por ela faz sentido e vai de acordo com a lenda das sereias. Todos que caem em seu encanto não são mais os mesmos para sempre.

Um épico mundano

O longa se trata de uma epopeia mundana sobre como a juventude merece ser vivida. Em uma história mais hollywoodiana, Parthenope teria ganho o mundo com sua beleza e teria sua derrocada de forma trágica e vergonhosa. Aqui, não. Vemos ela viver sua juventude como deve e escolhendo um caminho nada extraordinário. Ao mesmo tempo em que passa por momentos importantes e transformadores. Vemos uma mulher dona de si chegar ao topo com algo que escolheu amar e não se transformou no que as outras pessoas desejavam. A sabedoria chega no mesmo momento em que amor, juventude, desejo, emoção e prazer começam a desaparecer de sua jovem vida. Algo poético se olhado na perspectiva certa.

Peca no ritmo lento

O seu maior problema é ser lento. Quando digo épico, saiba que acompanhamos uma vida cheia de momentos e com um tempo de duração da projeção bem grande. A contemplação em vários momentos faz parte da narrativa, mas muitos momentos sem diálogos podem fazer com que o público sinta um sono indevido. Muitas coisas acontecem sem ser mostradas e a dedução passa a fazer parte do nosso consciente. Personagens vem e vão e por momentos gostaria que se aprofundasse mais neles. Sorrentino fez um belo filme de arte, mas faltou um pouco de dinamismo nele.

Conclusão

Parthenope: Os Amores de Nápoles terá um lançamento tímido nos cinemas. Provavelmente ficará relegado a salas de cinema com o nicho de festivais. Uma pena. Achei um belo filme que merecia um alcance melhor, mas entendo essas decisões. Afinal, sua narrativa não está de acordo com a geração atual que é sempre imediatista. Paolo Sorrentino faz filme como antigamente e esse é o seu maior mérito aqui. Posso estar sendo apenas um cinéfilo apaixonado ou um saudosista do cinema de arte.

Parthenope: Os Amores de Nápoles estreia nos cinemas em 20 de março.

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