Acredito que todo mundo que vá ler essa resenha saiba quem é Milton Nascimento. Caso tenha nascido em outro planeta, farei um pequeno resumo. Ele é um cantor, compositor e multi-intrumentista brasileiro reconhecido como um dos artistas mais influentes da música nacional e abertamente reconhecido lá fora por quem entende minimamente do assunto. Gravou 34 álbuns e foi indicado a cinco estatuetas do Grammy Awards. Além disso, também é um dos fundadores do Clube da Esquina, movimento musical que surgiu em Belo Horizonte na década de 1960. Isso só para dizer o mínimo. Milton Bituca Nascimento é um documentário dirigido por Flávia Moraes (A Regra do Jogo) feito para homenagear, ainda em vida, esse tesouro da música brasileira.
Sinopse
Esse é um documentário emocionante que acompanha a turnê de despedida de Milton Nascimento, uma das maiores lendas vivas da música brasileira. Filmado ao longo de dois anos, o longa registra os últimos shows de “Bituca”, como é carinhosamente conhecido, e captura a profunda conexão entre o artista e seus fãs. A obra vai além dos palcos, apresentando cenas de bastidores e depoimentos de grandes artistas nacionais e internacionais. Esses relatos celebram a importância de Milton e o impacto universal de sua música, reafirmando seu legado como um dos maiores nomes da música global.
Homenagem ainda em vida
Milton Nascimento ganhou o apelido de Bituca ainda criança. Ele fazia muito bico quando estava contrariado e isso fazia referência aos índios botocudos, que usavam um disco de madeira nos lábios. Um nome que marcou o artista até os dias de hoje. Toda a história de vida é referenciada nesse documentário e achei de grande pertinência fazer isso com ele ainda em vida. Acho bonito homenagear quem já se foi, mas é de suma importância homenagearmos os ídolos e gênios que ainda andam perante nós. Posso dizer que essa é uma obra a altura do cantor, mas que possui alguns problemas de condução.
Depoimentos enaltecedores, mas cansativos
Senti que o documentário é mais para quem já conhece o cantor a fundo. Algo mais voltado para fãs de longa data. Se alguém novo tiver interessado nesse longa, acredito que não vai entender o tamanho da grandiosidade do artista. Sua origem não é contada, não sabemos como foi seu início e nem como ele realmente se tornou grande. O que temos é um grande apanhado de depoimentos enaltecedores, mas que cansam com o andamento da projeção. Uma falta de ritmo com uma edição bem dura não ajudam nessa caminhada. Estava totalmente interessado e mesmo assim fui pego por uma fadiga que me deixou com sono. Faltaram muitas imagens de época que poderiam ajudar a visualizar e a entender esse processo que fez de Milton Nascimento o que ele é hoje.
Grandes nomes da música
A narração poderosa de Fernanda Montenegro ajuda demais e é uma escolha bem acertada. A sua voz imponente ajuda a contar um pouco dessa história, mas não senti que foi o suficiente para entender o todo. Todas as entrevistas são de alto nível e todos os nomes são de grandes artistas renomados da indústria musical. Tanto nacionais quanto internacionais. Entre os nomes temos: Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Sergio Mendes, Esperanza Spalding, Quincy Jones, Spike Lee, só para dizer alguns. Todos esses depoimentos só valorizam o quanto o Bituca é um gênio da música.
Conclusão
Milton Bituca Nascimento é um bom documentário para seus fãs e não tão bom para quem não o conhece. Os problemas que citei realmente atrapalham a dinâmica de quem vai assisti-lo. Terminei um pouco cansado, mas ao mesmo tempo feliz por conhecer um pouco mais desse gênio da música. O longa também conta com os registros de sua última turnê com direito a sua última apresentação em um Estádio do Mineirão lotado. Nesse ano mesmo, de 2025, o cantor também foi enredo da Portela no Carnaval do Rio de Janeiro. Mais uma homenagem merecida a esse homem. Atualmente, Milton Nascimento se aposentou dos shows devido a descoberta de um diagnóstico de Parkinson. Apesar disso, o cantor segue muito bem de saúde.
Milton Bituca Nascimento estreia nos cinemas em 20 de março.
