Verdade seja dita, muitos filmes que estreiam direto nos streamings são bem abaixo da média. Quando aparece algo fora da curva, se transforma em algo extraordinário. Posso dizer que Holland está no meio desse consenso. Não é ruim e nem algo maravilhoso. Serve para uma diversão momentânea sem uma grande pompa. O que me assustou foi ver as notas baixíssimas em sites importantes: 5,1 no IMDB e 29% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes. Achei um exagero e vou dizer porque, talvez, ele mereça uma conferida.
Sinopse
Nancy Vandergroot (Nicole Kidman) vive numa pequena cidade no estado de Michigan chamada Holland, conhecida por suas raízes holandesas e a plantação de tulipas. Nancy é um dos pilares dessa comunidade na qual mora com o marido Fred (Matthew Macfadyen) e o filho Harry (Jude Hill). A realidade dos sonhos, porém, transforma-se numa história estranha e sombria quando Nancy e o colega de trabalho Dave (Gael García Bernal) desconfiam de um segredo e vão à procura de pistas para desvendar o obscuro mistério. O que descobrem, entretanto, não se parece em nada com a vida impecável que se apresenta na superfície.
Um conto de Desperate Housewives
Esse filme me lembrou demais a série Desperate Housewives (2004 – 2012) que fez bastante sucesso mostrando o cotidiano nada normal de esposas do subúrbio norte-americano. Tinha traições, assassinatos, mistérios, tudo com a máscara da vida feliz e perfeita na frente de todos. Era muito boa por sinal. Holland parece se inspirar nessa série e nos mostra uma vida perfeita de nossa protagonista. Poderia ser considerado até uma extensão ou um conto derivado do seriado, mas não é. Pelo menos não oficialmente.
Uma vida perfeita e monótona
Nessa pegada é que conhecemos Nancy, uma dona de casa evidentemente entediada, mas confortável com a vida que vive. Não falta nada, tem um filho lindo e podemos dizer que ganhou a sorte grande. Tudo começa a ruir quando desconfia de que seu marido esteja tendo um caso. Nessa desconfiança acaba se aproximando de Dave (Gael Garcia Bernal), um novo professor que trabalha na mesma escola que ela, e que sofre preconceito por ser latino em uma região onde a grande maioria é branca por ter descendência holandesa. Uma pena que isso não é mais desenvolvido. Essa nova amizade é o estopim perfeito para a descoberta de alguns segredos
Uma boa virada de roteiro que parece acontecer tarde demais
Ao começar o caso com o novo professor, começa a se sentir com vida novamente. Viver perigosamente se torna mais atrativo que a vida pacata que possui junto a seu marido. Nesse momento é que temos a grande virada da história. O problema é que ela chega tarde demais e as coisas parecem se resolver com calma. A falta de urgência com a informação que temos conhecimento nos dá uma sensação de que o tom do longa poderia ser um pouco mais severo. O embate é rápido e parece não ter consequência. Isso pode ter diminuído o todo, mas sem dúvida essa virada de roteiro foi muito bem vinda.
Conclusão
Holland não é ruim como estão pintando por aí, mas poderia ter sido melhor trabalhado sim. Para mim, fez o necessário para o mínimo de diversão. Se o tom fosse mais dark, provavelmente poderia ter tido uma estreia nos cinemas em vez de ir direto para os streamings. A diretora Mimi Cave (Fresh) poderia ter ousado mais e não ter ficado apenas no trivial. O roteiro de Andrew Sodroski (primeiro longa de sua vida) também poderia ir além e deveria ter aproveitado a reviravolta de uma forma mais catártica. No time dos atores preciso elogiar Matthew Macfadyen (Succession), pois ele parece bobão e certinho, e mesmo assim consegue nos deixar com medo.
Holland já está disponível na Prime Video.