‘The Kitchen’ é o novo filme distópico que acabou de chegar na Netflix. O filme marca a estreia do ator Daniel Kalluuya (Corra!) no roteiro de um longa-metragem ao lado de Joe Murtagh (Animais Americanos) e Amy Baty (The Lucky 2M). Ele também codirige ao lado de Kibwe Tavares (Robot & Scarecrow), que também faz sua estreia em longa-metragem. A equipe por trás das câmeras é praticamente toda nova e isso consegue transparecer em tela. Um tema atual importante em um mundo distópico que peca, talvez, pela falta de experiência dos envolvidos.
Sinopse
Em uma Londres do futuro e distópica, o capitalismo prevaleceu e a cidade é regida por grandes corporações. Os conjuntos habitacionais estão sendo desfeitos e um deles resiste com força: The Kitchen, ou A Cozinha em uma tradução livre. Izi (Kano) está fazendo de tudo para sair desse lugar e ir morar em um lugar melhor, mas a dúvida o corroerá quando conhecer Benji (Jedaiah Bannerman), um menino que aparece em sua vida e que pode ter ligações com pessoas de seu passado. Agora, Izi deve decidir entre seguir seu sonho ou ficar para ajudar o garoto e a comunidade que age sempre em prol um dos outros.
Um bom background para ser discutido
O conflito social que vemos aqui não é nenhuma novidade para ninguém. Pode ser em Londres ou pode ser no Rio de Janeiro. O pobre, e em sua maioria, os pretos, sofrem discriminação diariamente pelo sistema. Falta de amparo governamental, truculência policial e dificuldades gerais que uma pessoa de classe média não possui. Hoje em dia, ainda temos alguns programas que amparam essas pessoas, mas e quando estamos em um mundo onde não existe mais nada disso? Eles foram abandonados a sua própria sorte.
Uma pergunta que me surgiu era se precisava se passar no futuro, pois já temos esses problemas hoje em dia. A minha resposta era de que, sim, precisava. Colocando um mundo distópico no enredo, tudo isso pode ser escalonado até a última consequência, como se fosse uma visão do que vai acontecer no futuro de nosso mundo real. Essa leitura realmente é muito boa, e a criação dessa situação acaba sendo o grande trunfo da produção. Um ótimo background para se contar a trama principal. Se esse fosse o tema geral, ele ganharia mais.
História de pai e filho
A sua verdadeira história é sobre pai e filho, embora isso não fique tão claro assim. Enquanto Izi quer sair desse lugar, que julga horrível, Benji aparece para chamar o lugar conhecido como The Kitchen, de seu novo lar. Mas porque a essa altura do campeonato Izi pareceu se importar tanto com o menino? Isso pode ser óbvio e/ou pode ser ele mesmo se enxergando no passado, forjado na dor e vendo que esse garoto passará por tudo que já havia passado. A falta de uma figura paterna exemplar atinge os dois protagonistas e acaba moldando a história dos dois personagens.
Conclusão
‘The Kitchen’ não é de todo ruim, mas seu ritmo lento e quase sonolento põe quase tudo a perder. Temos um ótimo background e uma história nem tão interessante sobre duas pessoas que se encontraram em um momento determinante de cada um na vida. Gostaria de conhecer mais do mundo de fora de The Kitchen, gostaria de saber se ele é tão aprazível assim ou apenas maquiado para parecer tudo nos conformes. No geral, é apenas uma produção ok que poderia ter sido um pouco melhor.