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Crítica: ‘Pearl’, nos traz um drama mais profundo e um novo respiro para o terror

Não há dúvidas de que o terror é um dos gêneros preferidos de muita gente. Particularmente, é um dos meus também e é com meus olhos brilhando que começo a escrever essa resenha. Ele não inventa nada de novo, mas sua condução, junto com o aumento da tensão, já torna ‘Pearl’ como um dos melhores lançamentos do estilo esse ano. Antes de falar qualquer coisa a mais sobre ele, tenho que vangloriar a produtora A24 que sabe escolher seus projetos e está nos mostrando o que é cinema de verdade. Os seus títulos podem não ser 100% excelentes, mas todos nos trazem uma história original que merece no mínimo ser vista.

X – A Marca da Morte

Antes de ‘Pearl’ ser lançado, um outro filme merece ser comentado rapidamente aqui. ‘X – A Marca da Morte’ é o primeiro filme dessa já anunciada trilogia. Sendo o alvo dessa crítica o segundo e ‘MaXXXine’ sendo o terceiro filme que provavelmente ainda será lançado esse ano. Enquanto Pearl se passa em 1918 contando a origem da personagem, ‘X…’ se passa nos 70 mostrando no que ela se transformou, onde o banho de sangue é bem maior e sem pudor. Os dois longas foram gravados juntos, e a ordem não afeta exatamente a experiência. O importante é vê-los sem importar a ordem.

Sinopse

Pearl (Mia Goth) é uma jovem obcecada em se tornar uma dançarina famosa pelo mundo afora. Presa numa fazenda isolada junto de sua família, ela tem que cuidar de seu pai doente e tem que aguentar uma mãe autoritária que a vigia noite e dia. Quando os seus sonhos são negados aos poucos, começamos a ver sua real natureza ser aflorada, e um rastro de assassinatos e sangue começa a aparecer até que seus reais desejos sejam realizados.

Terror com clima dos anos 70

Apesar do longa se passar em 1918, todo o seu clima e estereótipo se parece com aquelas obras de terror dos anos 70. Para ser mais específico, aquele clima de ‘O Massacre da Serra Elétrica’ (1974). Desde o seu início, já vemos que Pearl não é uma pessoa completamente normal. Ao matar um ganso para dar para sua “jacaré de estimação”, já podemos esperar o que for da personagem. O grande destaque aqui vai para a direção que consegue aumentar a tensão aos poucos até o ponto de pensarmos que vai dar tudo errado.

É nesse ponto que acho que ele consegue se diferenciar de um terror slasher comum. Não a vemos matando as pessoas por matar. Todo o roteiro é espertamente levado para acreditarmos nisso. Embora as atitudes da protagonista sejam erradas, nós compramos os seus motivos e entendemos porque ela está fazendo esses atos terríveis. Em certo momento, chegamos a ter pena dela e notamos que era apenas uma garota comum com um sonho. Como tantas outras que vemos por aí. Isso se dissipa quando ela mata alguém com um requinte de crueldade a mais.

A mesmice é deixada de lado e somos levados a ver uma obra realmente muito boa para os parâmetros de hoje em dia com filmes do gênero. As duas principais razões para isso são: a direção e roteiro de Ti West e a interpretação grandiosa de Mia Goth.

Mia Goth

Antes de falar dela nesse filme, tenho que falar um pouco mais dela apenas a nível de curiosidade. A atriz é inglesa, mas possui sangue brasileiro, é neta da atriz brasileira Maria Gladys (taca no Google). Ela sabe falar em português e se procurar por aí vai achar facilmente isso.

Voltando para o filme, ela simplesmente destrói em sua atuação. Ela também teve participação no roteiro de ‘Pearl’ e já mostra como entende da personagem. É até difícil destacar um momento dela, mas vale mencionar o monólogo em que é realizado em um único take em que ela começa expor o porque está fazendo essas coisas ruins. Sem exagero, essa é uma cena digna de Oscar e deu vontade de aplaudir ao seu fim. Incrível demais. A cena final dela rindo para a câmera sem piscar é assustadora e engraçada ao mesmo tempo. Bato palmos sem esforço.

Conclusão

Um ótimo terror que nos traz uma boa carga de tensão e que nos deixa mal em certos momentos. Ele não te assusta, mas é denso e nos traz uma carga dramática incomum para o gênero. Um diferencial que o tira da mesmice e o traz para um algo a mais. O terror nunca é bem visto nas premiações, mas já está na hora de isso mudar e ‘Pearl’ é o maior exemplo disso. Agora basta esperar pelo lançamento de ‘MaXXXine’ que dará fim a essa trilogia que já tem o meu coração.

‘Pearl’ já está em exibição nos cinemas, enquanto ‘X – A Marca da Morte’ se encontra no catálogo da Prime Video.

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