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Crítica: ‘O Conde’, uma boa sátira sobre o ditador Augusto Pinochet

‘O Conde’ é um filme chileno que chegou por agora no catálogo da Netflix. Ele foi um dos longas selecionados para participar do Festival de Veneza 2023 e saiu de lá com o Prêmio de Melhor Roteiro. Foi escrito por Guillermo Calderón e Pablo Larraín. Esse último também é o diretor. Não consigo dizer de cara que esse filme é maravilhoso, mas ele possui uns lampejos de genialidade que conseguem nos fazer rir e sentir nojo do ser humano ao mesmo tempo.

Sinopse

A história nos mostra o famoso ditador chileno Augusto Pinochet (Jaime Vadell) como um vampiro secular. Após passar anos consumindo sangue e assim se mantendo vivo, enfim decide que quer morrer. Tudo isso por sentir que as pessoas o julgam de forma errada e por não ver mais sentido nenhum em se manter vivo. Porém, quando ele menos espera, aparece uma nova inspiração em sua vida que o faz querer viver por mais tempo e, assim, deixa para lá essa história de querer morrer. Agora, terá que lidar com sua mulher, mordomo e filhos que o querem morto para poderem pegar sua herança.

Originalidade ímpar

Esse filme me ganhou por sua originalidade. Ligar Augusto Pinochet a um ser imortal sem escrúpulos que não liga em matar pessoas é muito bom. O seu regime fascista acaba fazendo muito mais sentido com a inclusão desse background. Acho bom deixar claro que a história é uma obra de ficção que pode até mesmo se passar em uma realidade alternativa (ou não). Juntando esse roteiro com uma bela cinematografia em preto e branco temos a formação de um gênero que transita entre a sátira e o terror de forma bem simples e orgânica.

Vale destacar que todos os seus diálogos e a interação entre a família de Pinochet lembram muito tudo o que Wes Anderson faz em seus filmes. Dá para sentir um cinismo junto com o nonsense que faz tudo o que estamos vendo ser algo completamente surreal e que ao mesmo tempo pode fazer sentido. O seu tom de terror noir que lembra aquelas obras antigas feitas em preto e branco dão um ótimo tom para tudo o que estamos vendo e isso é tudo muito bem-vindo.

É muito bom, mas poderia ser ainda melhor

Como nem tudo é perfeito, preciso comentar o seu ritmo que atrapalha um pouco toda a projeção. Por ser lento, senti um sono se aproximando, mesmo que estivesse completamente comprado pelo o que estava vendo. Me senti um pouco cansado e clamei para que chegasse logo ao seu fim. O que é bom, também pode vir em uma dose exagerada e atrapalhar o todo. Apesar do roteiro ser excelente em tocar o dedo na ferida, senti que tentava causar algumas sensações que não davam em nada. Não acho que isso atrapalhe a experiência como um todo, mas são pontos negativos que podem vir a prejudicar o público.

Conclusão

Certamente, ‘O Conde’ estará em alguma lista com os temas mais originais em um filme. A sua sinopse junto com o desenvolvimento de quem foi Augusto Pinochet é maravilhoso. A descoberta surpreendente de quem é sua mãe também vai fazer o público rir e pensar que tudo isso faz um pouco de sentido. Um bom filme para se assistir, mas que recomendo mais ao público amante de festivais. Ele vai agradar esse nicho em cheio. O público normal pode vir a gostar também, mas não acho que será assim tão impactante.

‘O Conde’ já está disponível no catálogo da Netflix.

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