O bom de ver alguma obra televisiva ou que vai para o cinema após uma boa parte já ter vista é que o meu hype fica apostos em um lugar mais ajustado. Muito foi se falado bem de Eric e muito se falou da performance arrebatadora de Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação). Sobre essas duas afirmações, digo que são boas, mas que estão longe de ser algo inacreditável. Eric é uma boa minissérie que possui um bom roteiro que te deixa preso e interpretações bem boas, porém, ela se torna realmente boa somente no último episódio (6 no total), quando todas as tramas se juntam e chegam a um fim. Antes disso é um grande emaranhado de enrolação e pistas falsas que servem somente para aumentar o tempo da obra.
Sinopse
Vincent (Benedict Cumberbatch) é um ventríloquo genial de um dos maiores programas infantis matinais dos EUA. Apesar de ser o melhor no que faz, ele possui um gênio odiado pelos seus amigos de trabalho, por sua mulher, seus pais, e até por seu filho Edgar (Iva Morris Howe) que possui uma certa aversão a ele. Mas sua vida vira de cabeça pra baixo quando Edgar, de 9 anos, desaparece. Esse trauma faz com que Vincent crie Eric em sua mente, um monstro imaginário idealizado por seu filho para ser um novo personagem de seu programa.
Vincent é odioso
A primeira coisa que preciso comentar é sobre Vincent, o nosso odioso protagonista. Eu juro que tentei tirar algo bom dele, mas não consegui. O cara consegue fazer com que todos odeiem ele, todos. Usar um personagem como esse para ser protagonista é muito arriscado, pois o trabalho de redenção tem que vir para que você aceite isso dele. Isso acontece aos 45 minutos do 2º tempo e eu já estava de saco cheio. Fez besteira do início ao fim e cheguei a desejar que ele se ferrasse mais ainda por ser tão canalha. O amor pelo filho prevalece, mas a que custo. Por isso eu não gostei da interpretação de Benedict Cumberbatch. Ele é muito bom no que faz, mas não tive nenhuma conexão com esse personagem. O menino Edgar merece um pai melhor. Tudo se ajeita, mas isso foi o que exalou de mim ao terminar tudo.
O verdadeiro herói
Vincent é o protagonista, mas temos um personagem coadjuvante que é o verdadeiro herói dessa minissérie: Ledroidt (McKinley Belcher III), o detetive responsável pelo caso do sumiço da criança. Ele é gay, negro e trabalha em uma polícia abertamente racista e preconceituosa. Lugar em que ele tem que fazer o dele sem ter que fazer muitas perguntas e nem se meter muito nos assuntos. É ele que brilha e é ele que descobre várias coisas. Não só do caso em questão, como de outros problemas em que a polícia está envolvida. Para falar a verdade, a investigação em paralelo a nossa história principal é bem melhor e nos traz nuances muito mais interessantes do mundo e da cidade de Nova Iorque nos anos 80.
O pano de fundo da história
Outro elemento importante é o background de onde Eric se passa. Estamos falando de uma Nova Iorque do ano de 1985, onde um processo de gentrificação tem início, levando todos os pobres e moradores de ruas a se esconderem dentro do metrô. Além disso, a AIDS é uma realidade cruel que está ceifando muitas vidas em uma época com poucas informações sobre a doença. A corrupção do governo e da polícia está entranhada em tudo isso, e todos esses elementos fazem parte da história. Esse contexto torna a narrativa mais poderosa e mais redonda. O final perfeito só foi possível graças a todo esse pano de fundo que transforma a minissérie em algo melhor.
Conclusão
Certamente, Eric possui muito mais camadas do que essas que comentei. Isso eleva demais a obra final e apesar de ter gostado, não achei excepcional. Sei que 06 episódios nem são tantos, mas ainda assim, achei que poderia ser menor. Uma enrolação de lá pra cá, de cá pra lá, faz dar voltas no seu eixo. Entendo que esse tempo tenha ajudado a moldar melhor o caráter de cada personagem, mas poderia ter sido tudo mais sucinto. Resumindo, é uma boa minissérie, perfeitamente assistível, mas não entra em um possível top de melhores coisas que vi esse ano.