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Crítica: Cidade; Campo, nos oferece dois contos sobre saudade e fantasmas

Cidade; Campo é o novo filme de Juliana Rojas (As Boas Maneiras) que escreve e dirige. Tendo participado em vários festivais por aí, inclusive o Festival de Berlim 2024, teve sua estreia marcada no Brasil. O circuito de festivais que os filmes nacionais percorrem são sempre importantes, pois eles são termômetros para suas estreias por aqui. De certa forma, é até ridículo que uma obra tenha que agradar um nicho para saber se tem algum tipo de carreira comercial por aqui. Cidade; Campo nos dá duas histórias completamente diferentes sobre migração e fazendo um paralelo, forçado, posso dizer que é uma relação semelhante com festivais e a estreia nos nossos cinemas.

Sinopse

O drama conta a história de duas mulheres que fazem migração entre o ambiente urbano e o rural. Na primeira, após um desastre inundar suas terras, Joana (Fernanda Vianna) foge para São Paulo e tenta recomeçar sua vida do zero. Enquanto isso, na segunda história, Flávia (Mirella Façanha) muda-se para a fazenda de seu falecido pai com a esposa Mara (Bruna Linzmeyer) e começa uma sucessão de frustrações que irá levá-la as suas lembranças mais íntimas.

História de lembranças e fantasmas

As duas histórias contadas aqui são completamente distintas e não se cruzam em lugar nenhum. Acredito que a ideia foi mostrar duas situações que são ao mesmo tempo parecidas e opostas. Seja ir do campo para a cidade, seja ir da cidade para o campo, são mudanças drásticas que afetam sua vida de alguma forma. O contraste entre elas é grande, mas não cabe ficar comparando uma com a outra. O cerne da história é mais voltado para as lembranças e os fantasmas que carregam de sua vida. A mudança de ares passa a ser um novo desafio, mas o passado ainda te persegue e é preciso lidar com ele em algum momento.

Do campo para a cidade

Na primeira história acompanhamos Joana que perdeu tudo quando uma barragem arrebentou e destruiu toda a sua vida por lá. Procura sua irmã na cidade grande e tenta recomeçar tudo do zero. Quando começa a trabalhar em um aplicativo de serviço terceirizado, começa a ver um propósito de vida ao conhecer mulheres que passam por dificuldade e a partir daí começa a reivindicar direitos para elas. Ao mesmo tempo, Joana vive com a memória de seu filho que está por aí pelo mundo. Eu estava gostando dessa história, mas em um determinado ponto foi decidido que ela tinha um fim, e eu não estava preparado para isso. Queria ver até onde iria, mas talvez a ideia final não fosse sobre isso.

Da cidade para o campo

Na segunda história acompanhamos Flávia e Mara. Flávia herdou a fazenda do pai e sente que ela deve fazer esse lugar prosperar como uma forma de homenagear o pai e fazer com que ele tenha orgulho dela de alguma forma. Senti que essa segunda história que se passa no campo tinha um algo a mais para contar. De uma forma mais pesada e quase mais tátil, as lembranças chegam e com elas os fantasmas também. Seja no estado abstrato ou concreto. Só foi difícil aceitar a personagem de Mara, sendo possuída pelo ritmo da Ragatanga em uma determinada parte do filme, e me perguntei porque isso estava acontecendo. Eu sei que teve toda um motivo ali, mesmo assim, isso foi muito estranho. Já pode ser colocado como um dos grandes momentos de 2024.

Conclusão

Cidade; Campo não conseguiu extrair muito de mim. Não o achei ruim, mas ele não mexeu comigo como deveria. A minha apatia acabou sendo maior. O fato de ter duas histórias distintas em um único filme talvez tenha me impactado dessa forma, não tendo tempo para me aprofundar mais na relação de cada protagonista. Queria ver mais de Joana na primeira história, e na segunda, senti que foi para um lado um pouco mais místico do que o normal.

Cidade; Campo estreia nos cinemas em 29 de agosto.

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