É sabido que a Marvel tem perdido um pouco do seu fôlego com suas atuais produções. Algumas poucas coisas se salvam depois de ‘Vingadores: Ultimato’ (2019) e um descontentamento do público tem se tornado um pouco maior que o normal. Porém, tenho que destacar que o “hate” que ‘As Marvels’ tem ganhado é completamente desproporcional a realidade. Mesmo que não seja uma obra-prima, ele está muito longe de ser um desastre total. Ainda digo que é uma das produções mais divertidas e que sabe usar o talento de uma boa diretora (Nia DaCosta), por mais que tenha polêmicas internas por aí.
Sinopse
Carol Danvers (Brie Larson), mais conhecida como Capitã Marvel, derrotou o Império Kree e a Inteligência Suprema em seu filme anterior de 2019. Agora, as consequências não intencionais estão vindo atrás dela e ela precisa assumir o fardo de um universo desestabilizado. Uma nova inimiga Kree surge e abre um buraco de minhoca anômalo. O efeito disso é a junção dos poderes da própria Capitã Marvel com a jovem Kamala Khan (Iman Vellani), a Ms. Marvel, e Monica Rambeau (Teyonah Parris), a sobrinha que ela deixou para trás ao escolher salvar o universo. Agora as três juntas como um grupo, precisam salvar o universo da tal vilã.
Troca troca
Ouvi falar tão mal de ‘As Marvels’ que entrei na sala de cinema bem desconfiado. Rapidamente, essa desconfiança se dissipou e pude curtir essa história. Não demora muito para o seu desenrolar e o grande mote desse longa já acontece em menos de 10 minutos. As três personagens principais ficam conectadas e o troca troca começa. O que parece confuso no seu início, logo se torna natural. É com isso que temos a primeira grande cena do longa quando acontece uma luta em três lugares diferentes com elas trocando de lugar o tempo todo. Tudo com o selo de diversão Marvel. Uma ótima set pieces que dá o rumo das coisas por aqui.
Uma Carol Denvers mais humana
As três personagens principais são excelentes juntas. Com a presença de Kamala e Monica, a personagem de Carol se torna mais vulnerável e menos sisuda. Ela se abre mais e conseguimos ver que ela ainda é humana. Sua frieza aos poucos vai se desmanchando e nos dando cenas cada vez mais divertidas que culminam no planeta onde as pessoas só falam cantando. Para mim, um dos grandes momentos do longa e porque não, de todo o universo Marvel. Esse momento me fez notar que preciso de um filme musical da Marvel para ontem. É preciso dizer o quanto Kamala e Monica são ótimas adições a esse universo cósmico. A simpatia da primeira com a coesão da segunda deixa tudo melhor e mais aprazível.
Nia DaCosta
A direção de Nia DaCosta (A Lenda de Candyman) é ótima e nos dá boas cenas de ação que conseguimos entender, ao contrário do longa anterior da heroína. Essa diretora é um diferencial do que vemos por aí. Enquanto a maioria é meramente contratada para fazer o que os produtores mandam (tirando talvez só James Gunn e Taika Waititi desse saco), Nia já tem uma bagagem de experiência acima de qualquer outra e pode querer inventar algo novo. É sabido que houve alguns “disse me disse’ nos bastidores do filme e nem chamada para a estreia do longa ela foi. Muito estranho e sinto que saberemos a verdade do que realmente aconteceu somente no futuro. Uma pena, pois ela foi realmente um diferencial.
Diverte, mas tem problemas
Esse filme simplesmente ignora os fatos vistos em Invasão Secreta. Se no final da série, os skrulls estão sendo odiados e caçados pelo mundo todo, a solução para com os skrulls nesse filme é completamente idiota e sem sentido. Sem falar no deus ex machina com relação aos gatinhos da mesma raça do Goose. Eles simplesmente aparecem do nada para salvar o dia. Foi bonitinho, divertido, mas completamente fora da lógica. Tudo culpa de um roteiro que não parece conversar com o próprio universo que está sendo criado. Cada um por si e nada de reunião de roteiristas.
Conclusão
‘As Marvels’ é um ótimo filme pipoca. Não revoluciona em nada o universo Marvel, mas está aqui para divertir. Falando no todo, esse longa marca duas linhas de narrativas para o futuro. A primeira é o surgimento de um novo grupo que pode ser um dos futuros da empresa, e a segunda é a inserção de mais um elemento de multiverso que pode deixar os maiores fãs da franquia malucos. A única pergunta que fica é: quando eles realmente vão botar em prática isso tudo?