Aqui no Brasil nós não temos essa cultura de crianças terem amigos imaginários. Até pode existir uma ou outra que tenha, mas é raro. Nos Estados Unidos isso é bem difundido e creio até que isso faça parte da cultura deles de alguma forma. Seja em filmes de terror ou de comédia, o artifício desse tal amigo é bastante usado em narrativas. Esse “fenômeno” possui uma regra: aparentemente só crianças podem ver e conversar com ele. O longa Amigos Imaginários chega como uma nova comédia emocionante que irá animar os menores e fazer os adultos lacrimejarem.
Sinopse
Bea (Cailey Fleming) perdeu sua mãe quando criança, e agora com 12 anos, seu pai (John Krasinski) precisa fazer uma cirurgia no coração. Se sentindo muito desamparada e sozinha, em um determinado dia ela começa a ver seres estranhos bem distintos da realidade: os MIGS, uma abreviação de amigos imaginários. Todos esses MIGS que ela vê são seres que não estão mais com suas crianças, pois elas já cresceram e simplesmente se esqueceram delas. Com isso, Bea acha que encontrou sua vocação e resolve juntar todos os MIGS sozinhos com sua determinada criança, já adulta, no caso. Para esse serviço, ela terá a ajuda de Cal (Ryan Reynolds), um humano que também é capaz de ver as criaturas e que cuida delas quando estão sozinhas.
Pensei que não fosse gostar, mas gostei
Confesso que fui vê-lo com aquele sentimento de que seria algo extremamente infantil e chato. Para a minha surpresa acabei vendo uma ótima obra que me fez sorrir e emocionar. O próprio diretor, John Krasinski (Um Lugar Silencioso), definiu ele da melhor forma possível: “Amigos Imaginários é como se fosse um filme live-action da Pixar”. Ele é simplesmente isso mesmo. Todas as criaturas são fofas ou engraçadas e é impossível não se apaixonar por todas elas. E sim, lembra demais qualquer coisa que a Pixar já fez por aí. Lembrando que não tem nenhum dedo da empresa da Disney aqui.
Emocionante e divertido
Ele é piegas? Sim, mas e daí? Quando todo o clichê é feito de forma bem feita, realmente não ligo. O que me importou mais aqui foi todo o seu coração. Impossível não se emocionar em alguns momentos chaves da história. Na parte final, ele me pegou de jeito e talvez tenha deixado escapar uma lágrima ou duas. Isso porque nunca tive um amigo imaginário (se tive, não lembro), imagina se tivesse. Essa produção consegue ser divertida e emocionante. Nada me tira da cabeça de que John Krasinski tirou essa ideia de algo muito importante para ele. Seja pela relação dele com os pais, seja por lembranças de infância, ou até mesmo que tenha feito esse longa para seus filhos. Nota-se claramente um carinho a mais aqui.
Vozes dos MIGS
A cópia que vi no cinema foi a dublada, onde estão todos muito bem e não tenho nada para reclamar. Porém, gostaria de ter visto legendado. Além de ser minha preferência, pelo fato de que prefiro sempre a versão original, gostaria de ver todo o elenco estrelar que dubla os MIGS na versão original. Entre as vozes temos: Steve Carell (The Office), Phoebe Waller-Bridge (Fleabag), Louis Gosset Jr. (Inimigo Meu), Emily Blunt (Oppenheimer), Matt Damon (Perdido em Marte), Sam Rockwell (Três Anúncios para um Crime), Richard Jenkins (A Forma da Água), Awkwafina (Podres de Ricos) e muito mais. Incrível conseguirem juntar todos esses nomes em uma obra só.
A nível de curiosidade, a versão nacional tem os nomes de Giovanna Antonelli, Murilo Benício e Pietro Antonelli Benício (filho de Giovanna e Murilo). A família toda unida em um mesmo projeto.
Conclusão
Amigos Imaginários é propício para ser ver em família. Certeza que vai agradar a todos. Ele vai ser um daqueles filmes que vai passar incessantemente na Temperatura Máxima, aquela obra despretensiosa para se ver pós-almoço de domingo. Lembrando também que não é uma obra definitiva e nem vai mudar o seu mundo. Ele é cliché, porém consegue trabalhar muito bem tudo o que já vimos antes. No final dos créditos temos uma pequena homenagem a Louis Gasset Jr. que faleceu em março desse ano e esse filme marca o seu último trabalho.