Essa versão de ‘A Cor Púrpura’ é baseada na peça musical da Broadway lançada em 2005 e possui como slogan a seguinte frase: “uma abordagem ousada do amado clássico”. Se está familiarizado com o clássico lançado em 1985, dirigido por Steven Spielberg, se prepare para ver uma nova forma de apreciar essa história sendo contada. As duas obras são baseadas no romance escrito por Alice Walker que foi lançado em 1982. Se na obra original para o cinema o drama prevalece, aqui, as músicas são bem encaixadas de uma forma que o drama seja preservado e que suas melodias e letras nos faça chorar e nos emocionar com essa maravilhosa epopeia.
Sinopse
Celie (Pgylicia Pearl Mpasi/Fantasia Barrino) e Nettie (Halle Bailey) são duas irmãs muito amigas que vivem nos Estados Unidos no início do século XX. Celie é oferecida, por seu pai abusivo, para se casar com Mister (Colman Domingo), um homem cruel que só saberá tratá-la de forma rude. Após se separar abruptamente de sua irmã Nettie, elas prometem ficar vivas para se reencontrarem novamente um dia. Para aguentar as agruras da vida, Celie se apoia na independente Sofia (Danielle Brooks) e na famosa cantora Shug Avery (Taraji P. Henson) para sobreviver ao dia a dia de descaso do marido e para esperar um futuro reencontro com sua irmã, até então sem paradeiro.
Muita crueldade no mundo de Celie
A história desse filme é pesada e me impressiona em como consegue, ainda assim, nos mostrar momentos magníficos. Simula a vida de uma forma muito mais dramática do que possamos, um dia, conhecer, mas é possível traçar paralelos. A jornada de Celie é muito cruel. Ela passa por maus tratos com o pai abusivo, o qual leva seus dois filhos recém nascidos e que sempre a trata como um ser monstruoso e asqueroso. Mister, que se torna posteriormente seu marido, também não fica atrás e é um ser repugnante. Esse cenário nos priva de qualquer esperança de que as coisas serão boas, mas isso que é a beleza de uma história como essa. Às vezes demora, mas a luz aparece.
Nem tudo é trevas
Sofia e Shug Avery chegam na história para desafogar esse clima horrível que foi criado. É com elas duas que Celie começa a entender melhor a vida e que é preciso colocar uma barreira em todo o desrespeito que sofre. Para embalar tudo isso, temos as músicas que são incríveis e pontuais para cada momento. Crescemos junto com a personagem no decorrer dos anos se passam e nos tornamos uma testemunha de todo o seu esforço para ser a mulher em que se tornou. Gostaria de abraçá-la muito.
As músicas são pontuais para os principais momentos
Tem sempre aquelas pessoas que dizem odiar musicais. Não conseguem ver algo com alguém cantando que sente raiva. Desculpa, mas essa pessoa já morreu faz tempo. Não entender o lúdico e a força que uma música traz para uma trama como essa, é lastimável. Entendo odiar certos filmes do gênero por serem ruins mesmo, mas aqui, fica difícil. Desafio qualquer um a não chorar em seu momento final quando rola a música que dá nome ao título original da obra, ‘The Color Purple’. A emoção desse momento, junto com a carga de tudo o que vimos em mais de 2 horas de projeção, se torna uma missão quase impossível. Essa canção e muitas outras são belíssimas e conseguem passar toda a emoção do momento que precisamos.
A trinca de atrizes principais
As atrizes principais são espetaculares e são peças fundamentais para dar vida a esse musical dramático. Fantasia Barrino (em sua primeira personagem para o cinema) repete o papel que atuou na peça da Broadway como Celie. Ela é sensacional, tanto atuando quanto cantando. Danielle Brooks (Pacificador) também repete seu papel na peça da Broadway como Sofia e por muitos momentos rouba a cena. Para terminar, preciso mencionar também a Taraji P. Henson (Estrelas Além do Tempo) que possui um papel fundamental como amiga de Celie e possui as melhores músicas, na minha opinião.
Conclusão
Um belo filme que falta, apenas, uma direção um pouquinho melhor. Blitz Bazawule (Enterro de Kojo) não decepciona, mas também não decola. Senti que faltou a mão de um diretor mais experiente e que fizesse números musicais um pouco mais épicos. Não ficou ruim, mas senti que dava para ser melhor. Imaginei Steven Spielberg na função e tenho certeza que sairia algo memorável. Alguns podem dizer, quando acabar a projeção, que ser mal a vida toda compensa, mas existe um bom trabalho de redenção que faz valer a pena seus últimos momentos. Se você é um desses que vira o rosto para musicais, por favor, reconsidere e aprecie o mundo maravilhoso que está perdendo.